A expressão “jobs for the boys” entrou no léxico político pela boca de António Guterres e nunca mais deixou de ser usada. Em 2011, em plena crise financeira e com a Troika de arraiais montados em Portugal, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas criaram uma agência que pretendia recrutar os dirigentes da Administração Pública por concurso, para acabar com os tais “boys”. Foi assim que nasceu a CReSAP (Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública). A sua missão era fazer com que o mérito fosse o único critério de seleção, mas a prática mostra que a lei deixou “alçapões” que têm sido usados por todos os governos (o de Passos e Portas incluído) para contornar aquilo que devia ser um procedimento apartidário de recrutamento.
Desde que tomou posse, o Governo de Luís Montenegro tem feito uma verdadeira razia nos cargos de topo da Administração Pública. Desde maio, o Governo mexeu na direção de 24 organismos do Estado e nomeou 66 dirigentes de topo. A lista inclui o presidente do IAPMEI, a direção do Instituto Camões, o conselho diretivo da Agência para a Modernização Administrativa (AMA), a administração da AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal), a Museus e Monumentos EPE, o Instituto do Património, o Instituto de Informática da Segurança Social, a diretora-geral da Administração Escolar (DGAE), o vogal do Conselho Diretivo do Instituto de Gestão Financeira da Educação (IGeFE) e o diretor-geral de Energia e Geologia (DGEG).