A fábrica da Stellantis, que produz os furgões ligeiros das marcas Peugeot, Citroen, Opel e Fiat, deverá encerrar este ano com uma fabrico recorde de 89 mil veículos, mais cinco mil do que em 2023, ano que tinha atingido a sua produção máxima.
Quem o garantiu foi o CEO do Grupo, Carlos Tavares, durante a cerimónia que assinalou o fabrico dos primeiros carros elétricos “made in Portugal”, evento que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o ministro da Economia, Pedro Reis.
Os primeiros 719 veículos exclusivamente movidos a eletricidade, os Peugeot e-Partner e e-Rifter e o Citroen e-Berlingo, foram entregues a várias entidades do Serviço Nacional de Saúde. O acordo da Stellantis com o Ministério da Saúde prevê ainda a instalação de 600 postos de carregamento elétrico que irão servir para abastecer a frota de cinco Administrações Regionais de Saúde e sete Unidades Locais.
A transição para o fabrico de carros elétricos obrigou a Stellantis a proceder a várias alterações na fábrica, nomeadamente na criação de uma linha de montagem para as baterias. O investimento global foi de 30 milhões de euros e contratou mais 63 trabalhadores para operarem nesta nova linha.
“Estamos a testemunhar um importante virar de página nesta unidade fabril. Em breve estarã nas estradas uma nova gama de oito veículos elétricos ‘made in’ Portugal. Esta é a nossa visão para o futuro da indústria automóvel e damos aqui uma prova que é possível concretizar os nossos planos mais ambiciosos, de uma forma sustentável e economicamente viável”, salientou Carlos Tavares.
O CEO da Stellanti aproveitou o evento para elogiar o trabalho desenvolvido nesta unidade fabril que, admitiu, ser “em qualidade e eficiência, uma das melhores fábricas entre as 90 fábricas do grupo Stellantis a nível mundial”.
O início de produção de carros elétricos estava prevista para Mangualde apenas para 2025, mas o grupo conseguiu antecipar esse prazo em quase um ano o que, para Carlos Tavares, “é um virar de página nesta unidade fabril, que consegue estar na linha da frente em termos de inovação”, frisou.
A fábrica de Mangualde “tem demonstrado um desempenho excelente não só em termos de qualidade como de custo de operação”. Além disso, tem “uma linha de montagem muito flexível” que permite montar qualquer tipo de plataforma, quer seja para um veículo térmico ou para um elétrico”.
Outro dos grandes investimentos que está a ser feito nesta unidade fabril é na criação de energia própria, a partir de fontes renováveis, que, segundo Carlos Tavares já abastece 50% das necessidades da fábrica. E não irão ficar por aqui. A ideia é conseguir que toda a energia consumida seja produzida a partir de renováveis.
Para o ministro da Economia, Pedro Reis, Mangualde é um “um projeto voltado para a exportação, para o futuro e integra toda a cadeia de valor e de tecnologia. Deve servir de exemplo para o País. Aqui, em Mangualde, estamos a dar sustentabilidade à nossa economia. É disto que precisamos”.
O investimento que a Stellantis fez nas novas linhas de baterias desta fábrica faz parte a agenda mobilizadora para a inovação empresarial, denominada “Green Auto”, que envolve 37 entidades e que envolve um investimento global de 119 milhões de euros.
Marcelo Rebelo de Sousa, aproveitou a oportunidade para deixar o recado ao Governo sobre a execução dos fundos do PRR: “Da mesma forma que com a Stellantis foi possível ter, em relação à agenda mobilizadora, 51% de cumprimento em um ano, é preciso que o PRR, todo ele, a taxa de cumprimento se aproxime dos 51% e os ultrapasse rapidamente, que não temos todo o tempo do mundo”.
A fábrica de Mangualde foi inaugurada em 1962, e ao longo de 62 anos já produziu um total de 1,7 milhões de veículos, desde o icónico 2CV (aliás, foi nesta fábrica que foi montado o útimo 2CV a entrar em circulação em todo o mundo) até ao Saxo, passando pelo Méhari ou o Dyane. . Atualmente, dá emprego a cerca de mil pessoas que operam em três turnos. Para além dos veículos elétricos já citados, a fábrica de Mangualde irá ainda produzir o Opel e-Combo e Fiat e-Doblo.
