Já se sabia que o investimento imobiliário de um estrangeiro em Portugal representava tinha um efeito multiplicador direto na economia e que este poderia incluir gastos vários desde a compra de bens de consumo e despesas de restauração até o recurso a serviços diversos a empresas de limpeza ou decoração, por exemplo. Mas agora a Associação Portuguesa de Resorts (APR) resolveu quantificar esse valor cruzando dados do INE, Eurostat e OCDE onde se integram os impactos diretos, indiretos e induzidos na economia pela compra de um imóvel.
Os dados são relativos a 2019, ano em que existe uma base comparável para todas as fontes. A partir daqui foi possível apurar que o impacto em cinco anos, após a compra, é quase 7 vezes superior ao investimento inicial em Portugal de cada novo residente, seja ele estrangeiro ou português regressado. “O investimento de 3,4 mil milhões de euros por novos residentes em 2019 produzirá assim um impacto total de quase 21 mil milhões até ao final de 2023”, afirma Pedro Fontainhas, diretor executivo da APR, salientando a “extraordinária importância” do papel do Estado e empresas na captação de investimento para imobiliário residencial.
“Devemos também inverter a nossa cada vez menor atratividade fiscal, legal e burocrática, e tornar Portugal apetecível aos que nos procuram para viver, trabalhar, criar família e se reformarem”, sublinhou ainda Pedro Fontainhas.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) o número de imóveis adquiridos por não residentes em 2019 foi de 19.520, ou seja 8,5% das novas transações. Em termos de valor, os não residentes representam 3.344 milhões de Euros, ou seja, representam 13,3 M€ do valor nacional transacionado.
Em termos de receita, os principais compradores são a França, o Reino Unido, o Brasil, a Alemanha, a China, a Espanha e os Países Baixos. Já em valor médio os três primeiros lugares são ocupados pela China, o Brasil e o Reino Unido.
Por região, o Algarve continua a representar a maior fatia, com 38% em termos de valor e 27% em termos de quantidade. Mas Lisboa está cada vez mais próxima com 36% de valor e 21% em quantidade. Em termos de quantidade, a região centro ocupa já o segundo lugar, com 23% da quantidade de imóveis transacionados. Quanto à estimativa da despesa anual das famílias estrangeiras em Portugal, os franceses são os que gastam mais, seguido dos ingleses e dos alemães.
Pedro Fontaínhas lembra ainda que “osdados do SEF demonstram que em 2019 foram vendidos imóveis acima de 500 mil euros no valor total de 584,6 milhões de euros ao abrigo dos Vistos Gold.
Este valor, que é importante para o setor do imobiliário residencial, representa menos do que 2,5 por mil do total dos imóveis urbanos transacionados no mesmo ano, lembra o responsável, criticando os argumentos de quem contesta os Vistos Gold, reforçando que o ganho que estes representam graças ao efeito multiplicador para a economia.
Quem gasta mais
As casas adquiridas por chineses têm o preço médio mais elevado, € 373.071, mas apenas 443 unidades foram transacionadas. Ficam assim em 5º lugar em termos de receita total. Os franceses, por outro lado, são quem compra mais casas e quem gera mais receita total (€ 623.558), ainda que ao preço médio mais baixo, de apenas € 115.367 por unidade. Os britânicos surgem em segundo lugar com uma geração de receita total de € 595.463, aponta o estudo da APR.
Considerando apenas os imóveis Premium – transacionados a valores superiores a € 500.000 – os britânicos são claramente os principais clientes de Portugal, gerando uma receita total de 300 milhões de euros com 252 destas unidades transacionadas.
De notar que apenas 7% dos imóveis Premium transacionados geraram 39% da receita total. Este dado mostra que é nos segmentos mais altos do mercado que se deve centrar a nossa estratégia de captação de novos residentes, pelo efeito multiplicador que têm na nossa economia.
