As máscaras cirúrgicas de proteção facial tornaram-se obrigatórias em várias províncias chinesas, incluindo em Hubei, onde está localizada a cidade de Wuhan, epicentro do surto do coronavírus 2019-nCoV.
Perante a obrigatoriedade de cobrirem a face sempre que saem de casa, muitos cidadãos chineses confrontam-se com a dificuldade de fazerem funcionar os serviços que dependem do reconhecimento facial.
De repente, os sistemas de vigilância dos condomínios onde vivem deixaram de os reconhecer, não conseguem marcar consultas médicas só com o olhar e, acima de tudo, os seus smartphones não os conseguem identificar e permanecem bloqueados.
A Apple veio explicar que o seu sistema de reconhecimento facial, o FaceID, só funciona corretamente se conseguir ver os olhos, o nariz e a boca dos utilizadores. Já a Huawei admite que as suas tentativas de desenvolver uma ferramenta capaz de identificar rostos parcialmente cobertos não têm sido bem-sucedidas.
O reconhecimento facial faz parte do quotidiano dos cidadãos chineses em várias áreas. Encomendar refeições, realizar operações bancárias, embarcar num aeroporto… São várias as tarefas que dependem deste tipo de sistema de inteligência artificial. Em algumas escolas, o sistema é usado para vigiar a assiduidade dos alunos. Até há casas de banho com reconhecimento facial para impedirem que os utilizadores gastem demasiado papel higiénico…
Este verdadeiro big brother tem sido alvo de muitas críticas por ser uma forma de o governo de Pequim manter um controlo apertado sobre os seus 1,4 mil milhões de cidadãos. Em dezembro do ano passado, as autoridades chinesas aprovaram uma lei que obriga todas as pessoas que registarem um cartão de telemóvel SIM a fazerem um scan facial, tendo como pretexto a sua própria segurança.
Agora, o sistema de controlo chinês está a ser testado por uma ameaça à saúde pública. Investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, e do Instituto Nacional de Tecnologia, na Índia, conseguirem desenvolver um sistema capaz de identificar rostos cobertos com máscaras, mas a taxa de fiabilidade não vai além dos 55%.
Nas redes sociais, os chineses queixam-se dos seus modernos telemóveis com reconhecimento facial e clamam pelo regresso dos pagamentos através de impressão digital, até a epidemia ser contida.