Bob Woodward tem pergaminhos suficientes para ser levado muito a sério em Washington: foi ele, juntamente com Carl Bernstein, que revelou o escândalo Watergate na década de 70. Por isso, quando Woodward escreve sobre o presidente dos Estados Unidos, o mundo pára para ouvir. Será o caso, assim que o aguardado novo livro “Fear: Trump in The White House” sobre a presidência dos Estados Unidos veja a luz do dia e chegue às bancas.
O Washington Post teve acesso em primeira mão ao documento e descreve detalhadamente episódios alucinantes de um governo à beira de um “colapso nervoso”.
Através de fontes da Casa Branca, Woodward dá nota de um “golpe de estado administrativo” por uma equipa preocupada e controlar os danos de um presidente impreparado. O livro de 448 páginas relata “maquinações escondidas” entre os que figuram no seu círculo de confiança para “controlar os seus impulsos e evitar desastres, tanto para o presidente pessoalmente como para a nação que foi eleito para liderar”.
Há membros do staff que conspiram nas suas costas para retirar papéis oficias da sua secretária de forma a que não os possa ver nem assinar. O Washington Post afirma que Woodward descreve detalhadamente a forma como a sua equipa é surpreendida negativamente com a sua falta de curiosidade e conhecimento sobre assuntos internacionais e as suas perspetivas básicas acerca de assuntos militares.
John F. Kelly, chefe de gabinte da Casa Branca, frequentemente perdia a cabeça e dizia que Trump era “tresloucado”. Em petit comité, disse um dia: “Ele é um idiota. Não vale a pena tentar convencê-lo de nada. Ele saiu dos carris. Estamos em Crazytown (terra dos loucos). Nem sei porque é que nós estamos aqui. é o pior emprego que ja tive”. F. Kelly já assumiu que serve o Presidente com “sentido de dever e de missão” e que já teve momentos de “grande frustração” nestas funções onde está desde julho de 2017. Resta saber quanto tempo perdurará nesta pasta depois destas revelações.
O livro relata ainda episódios graves para a paz internacional. Depois de Bashar al-Assad ter lançado um ataque de armas químicas sobre civis em abril de 2017, Trump ligou para Jim Mattis, com a pasta da Defesa, e disse que queria assassinar o ditador. “Let’s fucking kill him! Let’s go in!” (“Bora matá-lo. Vamos entrar!”), terá dito, de acordo com Woodward citado pelo WP.
Dentro da Casa Branca, Trump é descrito pelos que lhe são próximos como um líder instável distanciado das convenções da governação, sempre pronto a desestabilizar a equipa e a massacrá-los numa base diária.
Reince Priebus, o anterior chefe de gabinete, disse que pouco podia fazer para evitar o caos, sobretudo quando Trump se enfiava no quarto presidencial e via obsessivamente televisão. Às madrugadas e os domingos ao fim do dia em que eram frequentes as tempestade de tweets chamava de “horas de bruxaria”.
Rob Porter, um elemento do staff que saiu em fevereiro, resume bem a situação: “Isto já não é uma presidência. Isto já não é a Casa Branca. Isto é um homem a ser ele próprio”.