Estava uma manhã de Sábado fria mas saudável. Nas Portas do Mar da cidade de Ponta Delgada três navios de Cruzeiro atracados faziam as delícias de quem ali se deslocara para admirar a beleza e grandiosidade daquelas “cidades flutuantes”.
E era ver os turistas das mais diversas nacionalidades, e de todas as idades a encher a cidade de um colorido diferente e um ar cosmopolita agradável aos olhos, enchendo de orgulho a Ilha.
Porque as ilhas também têm sentimentos. Por isso riem e choram; sentem ternuras quando mãos carinhosas as afagam serenamente; olham o mar que as envolve com vontades de partir e necessidades de ficar. Muitas vezes não são compreendidas. E, almas atentas, ouvem à noite um choro baixinho e resignado como só os grandes sofrimentos podem justificar. É quando os homens lhes arrancam pedaços deixando-lhes feridas nas rochas e no espírito. Sempre que lhes apagam a beleza ao substituírem-na por estradas de betão, ou desprezam edifícios construídos com arte escondendo-os com novas construções cúbicas e desproporcionadas destinadas a cumprir o destino de dinheiros vindos de uma União Europeia que começa a desvanecer-se ou nunca chegou a existir
Nesse mesmo Sábado, e noutros recantos da Ilha, líderes de diversos partidos políticos gritavam palavras mentirosas com um ruído ensurdecedor a tentar convencer incautos das suas boas intenções. Homens engravatados dos partidos supostamente de direita faziam valer a sua inocência ao repetir até à exaustão que nunca, enquanto estiveram no Governo, trabalharam contra o povo; e mostravam programas impraticáveis a colegas impávidos e a um povo que agitava bandeiras distraidamente, e que parecia já ter esquecido que o País tinha um outro patrão chamado Troika (Troica, em português, como disse há dias um antigo reitor da Uaç).
Por seu lado, os políticos de esquerda com trajes “negligé” – para tapar os olhos a quem não quer ver – centram-se na vila de Rabo de Peixe e gritam a plenos pulmões que “este é o lugar mais pobre de nosso País, que tem sido esquecido(como?!…) por todos os Governos – regionais e nacionais – e que só eles (BE e demais parceiros de ideologia) teriam a nobreza de trazer aquela gente à vida…”
Enquanto estes acontecimentos da “arte política para tolos”, de qualidade e interesse duvidosos, se instalam na nossa Terra, não nos deixando saborear plenamente a manhã em que nos deleitamos com o panorama instalado nas Portas do Mar em Ponta Delgada, ouvem-se berros e urros nos mais diversos canais de televisão em que a pré-campanha eleitoral do Partido Socialista se faz ouvir, como se o seu líder necessitasse de treinar os pulmões para algum concurso em que ganhar ou perder fosse causa de vida ou de morte.
Pelo meio desta confusão em que todos querem fazer crer que serão os salvadores de uma Pátria que avança penosamente pelos labirintos em que os governantes – os actuais e alguns dos anteriores – construíram com a sua inércia e ganância pessoal, discutem-se palavras como “pintelhos” e outras da mesma qualidade, fazem-se grandes debates sobre quem manda no líder X ou Y, aparecem figuras a afirmar que uma Monarquia é a solução para todas as nossas preocupações…
Basta de enganar este povo! Temos regras dolorosas a cumprir que é obrigatório dizer às pessoas. O Memorando que a Troika nos deixou, embora com alguma margem para decisões pontuais, é para cumprir. Não é ética nem moralmente correcto enganar aqueles que irão votar a 5 de Junho de 2011.
Os tempos que aí estão, e continuarão durante mais anos, pedem um Governo limpo de hipocrisias e corrupções; exigem um grupo de trabalho formado por gente desprendida de interesses pessoais e aplicada na implementação rigorosa das medidas elaboradas pelo FMI, BCE e CE.
Percebemos todos que há um Partido a eliminar dos nossos votos – O PS. Porquê? Para afastarmos definitivamente o eng. Sócrates.
Em quem votar? Esse é um problema de consciência de cada um.
Dra. Maria da Conceição Brasil
mcbrasil2005@hotmail.com