Faz precisamente um mês que escrevi um artigo que teve por título REGRESSO AO FUTURO.
Quis criar uma situação imaginária em que nos reportei no tempo, cinco anos e meio atrás, dando de bandeja aos personagens envolvidos a característica de serem conhecedores de todos os factos que ocorreram no nosso país em termos de governação que, segundo a vozes em uníssono, correntes neste fórum, conduziram Portugal ao estado de fragilidade em que se encontra em termos de défice, de endividamento, de débil economia, de Justiça calamitosa, de educação desastrosa, de saúde ruinosa e poderia continuar a mexer na fossa que não terminaria o desfilar de maus resultados nomeados pela generalidade dos comentadores.
Para que não se dêem ao trabalho de ir ler o artigo, eu transcrevo algumas partes:
“Já passou por nós o vendaval da crise que afectou o mundo inteiro e em especial as grandes potências económicas e financeiras. Temos todos os trunfos na mão para sabermos o que vamos fazer para que tudo seja feito para não estarmos como viemos a estar. ” Era assim. Sócrates, recentemente eleito com maioria absoluta vive o drama de não saber como dar a volta à situação. Chama a si uma série de sumidades das quais já conhece os repetitivos discursos:”Economistas “conceituados”, ex-ministros das finanças bem falantes, deputados exibicionistas e sempre dispostos a lançar nas hostes a boa disposição com os seus dichotes de “morrer a rir”, lideres de partidos políticos e seus ajudantes de campo, comentadores políticos, económicos, financeiros, etc… da nossa “mui credível e imparcial comunicação social”.
Fez-lhes a seguinte proposta:
“” Amigos, todos vós têm conhecimento do que foi o meu governo de maioria absoluta e do ano e meio de maioria relativa. Fui assobiado, vilipendiado, ofendido, difamado, acusado de crimes, acusado de governar mal e porcamente, de ser o causador de todas as desgraças deste país, de não fazer o que deveria ter feito e de fazer tudo o que não deveria fazer.
Todos vocês, certamente, conhecedores dos comportamentos das entidades nacionais e internacionais, condicionados da economia e das finanças, do comércio e da industria, da comunicação escrita e audiovisual, face ao trabalho que desenvolvi ou nem por isso, têm agora a oportunidade, senhores de um handycap que eu não tive ao longo destes cinco anos e meio, de se pronunciarem e actuarem como meus conselheiros, para chegarmos a resultados que façam sorrir de felicidade e abastança, os portugueses que tão penalizados foram por mim e pelos meus governos.
Há no entanto uma condicionante a esta oportunidade que vão ter. Caso os portugueses, ao fim de cinco anos e meio chegarem à conclusão de que o vosso trabalho anterior não passou de uma forma de eleitoralismo barato, de um bota abaixo objectivo, de um papaguear para iludir e confundir, ser-vos-ão cancelados os vencimentos chorudos que auferem alguns, muitos, e as reformas milionárias que vos estão atribuídas, a outros, tantos, com efeitos retroactivos a esta data (2005)”. A proposta ficou na mesa.Na realidade a proposta foi feita por mim aos comentadores deste fórum:
“Caros comentadores, os acérrimos críticos desta política o os outros não tanto, façam um esforço e ajudem aqueles “amigos” a descalçarem a bota. Escrevam os vossos conselhos. Porque quem sabe o que está mal e porque está mal, deve estar na posse do segredo de fazer bem. Ou então não sabe nada de nada.
Quem sabe se não surgirão ideias brilhantes? Quem sabe se as reformas e os vencimentos chorudos deverão ser mantidos? Neste regresso ao futuro vamos ver se foi pólvora com fumo ou se sairá chumbo grosso.É um desafio. Aceitam-se ideias com raiz e não simplesmente folhas secas que se vão com o vento da inconsistência. ” Não fui brilhante na minha ideia.Comentado este assunto por duas comentadoras, uma das quais lançou para o fórum uma série de soluções que achou poderem contribuir para justificar todos os gritos de revolta, justa ou não, de dezenas e dezenas de participantes, no clamor generalizado contra o Governo de Sócrates e contra a generalidade dos políticos, mais ninguém teve a coragem de dar uma dica, com pés ou sem eles, com cabeça ou sem ela, mas algo de útil.Fiquei desolado. Várias razões poderiam justificar semelhante procedimento.1- Ou não entenderam aquilo que escrevi e com que objectivo;2- Ou as atoardas que vulgarmente aparecem lançando um rol de acusações com uma falta de consistência arrepiante, são isso mesmo, atoardas;3- Ou fazem-no para deitar abaixo o clube dos outros promovendo o seu próprio clube;4- Ou vêm numa missão de autopromoção estando-se nas tintas para os problemas do país (essa seria a pior das razões) estando apenas interessados em frases emblemáticas geradoras da simpatia dos ignorantes ou incautos que lêem tudo mas não aprendem nada;5- Ou ainda outra razão: ( a mais provável )- Não tive a capacidade suficiente para mobilizar o brilhantismo das ideias dos ilustres comentadores que pura e simplesmente lançaram o meu artigo na lixeira.Peço desculpa mas a intenção foi boa. Só quero ver o meu país entrar na senda da prosperidade e da abastança. Só quero ver uma educação e uma saúde que trate todos por igual com as mesmas capacidades de acesso. Só quero ver uma justiça célere, com uma balança com dois pratos onde caibam pobres e ricos. Não quero ver mais uma segurança social sem capacidade de acorrer aos velhos, às crianças, aos necessitados. Só quero poder sorrir olhando o meu país com trabalho para todos, sem o espectro do desemprego a rondar todos os dias aqueles que trabalham. Só quero ler, ouvir e ver uma comunicação social isenta, informando com VERDADE e não deformando com meias mentiras. Só quero um REGRESSO AO FUTURO mas a um futuro DIGNO.É pedir muito?