Abriu as portas dia 25 de novembro, na Rua Rodrigo da Fonseca, mesmo em frente ao hotel Ritz, uma nova galeria de arte contemporânea. Chama-se Galeria Belard e não só motivo de celebração na cidade – afinal, não é todos os dias que nascem projetos destes –como motivo de celebração para a sua fundadora, Catarina Mantero, uma artista que nunca deixará de o ser, mas transformou-se por agora em galerista. E dá este passo com um forte propósito. “Quero fazer um retorno à arte figurativa. Não no sentido clássico, mas através da manifestação do meio em que o artista se exprime, e que é também pensado para passar uma mensagem.”
A exposição de arranque chama-se Prelúdio, é uma mostra desta mesma visão, e conta com peças de 10 artistas nacionais e internacionais que trabalham com e sobre diversos materiais, desde tecido a bordado, desde madeira a óleo, muitos deles em técnicas inovadoras – e impressionantes. Através deste primeiro ensaio, a Belard propõe observar “a imagem peculiar do Homem, de acordo com o período e o tempo de cada um dos artistas”.
Muitos destes nomes são conhecidos pessoais de Catarina Mantero. Ela é lisboeta, duplamente formada, em comunicação empresarial e em Belas Artes, em Lisboa, com um mestrado em Arte, feito em Nova Iorque, cidade onde viveu três anos. De volta a Portugal, e algo descrente com o mercado artístico no país, decidiu criar a sua própria galeria, num espaço que pertence à família, homenageada através do nome Belard.
A Nova Figuração, o critério de curadoria da nova galeria, explica, está ligada “a um afastamento da arte figurativa desde o surgimento da fotografia”, diz. Aqui, marca-se esse regresso, sinal de um tempo atual, seja através de peças ditas mais óbvias, como a pintura ou fotografia, como por um lado mais abstrato. Cada artista conta, através de duas ou mais obras, também um percurso pessoal e através da matéria de trabalho, um meio de superação e inovação artística.
Entre os artistas portugueses encontram-se peças de Ana Jacinto Nunes (n. 1973) que trabalha numa multiplicidade de materiais, desde pintura, desenho, serigrafia, e aqui apresenta um enorme painel feito de pequenos quadrados de feltro, cada um deles com um pedaço de tecido colado, que foi pintado individualmente à mão. Encontra-se também Mariana Horgan, numa linha mais abstrata, numa peça que junta acrílico, óleo, tinta da china, colagem, gesso, entre outros materiais, Eurico Lino do Vale, um retratista de fotografia analógica que, explica Catarina, “se interessa muito pela vulnerabilidade humana”, Zoë Sua Kay, “uma mestre da técnica, que se serve do clássico para pintar o grotesco”, refere também Catarina e ainda as artistas Joana Galego e Mafalda d’Oliveira Martins.
Quatro artistas estrangeiros têm trabalhos expostos na Prelúdio, e a ideia é que Catarina Mantero continue a trabalhar com eles no futuro. Entre todos, destacamos a peça Lost Little Finger, da norte-americana Kathryn Goshorn, a escultura de uma mão bordada e pintada, a peça Dawn do peruano Jorge Vascano, que tem uma técnica própria para esculpir madeira e mármore, a espanhola Tania Alvarez e o norte-americano Alex Merritt.
A exposição ainda não tem data certa de encerramento, mas a PRIMA aconselha uma visita o quanto antes.
Rua Rodrigo da Fonseca, 103B. Aberta de terça a sábado das 10h às 19h. Para marcações: contact@galeriabelard.com