Podes colocar os frutos secos na marmita?” Devagar, mas com certeza no movimento, um robô de formato humanoide, desenvolvido pela empresa Apptronik, pega numa pequena caixa e coloca-a dentro de uma lancheira. “Podes colocar também a laranja?”. De um pequeno prato com diferentes peças de fruta, o robô volta a pegar de forma lenta, mas novamente com certeza, numa laranja, colocando-a na lancheira. Não seria bom ter um robô lá por casa que lhe preparasse a marmita todos os dias? E o ajudasse noutras tarefas rotineiras, como estender a roupa, preparar as refeições ou simplesmente manter a casa arrumada? E se além da ajuda em casa, também se estendesse ao trabalho?

O exemplo aqui descrito faz parte de um dos mais recentes vídeos de demonstração do Gemini Robotics, um modelo de Inteligência Artificial (IA) desenvolvido pela Google especificamente para robôs. Nos últimos anos, os assistentes digitais evoluíram de forma significativa graças aos desenvolvimentos dos chamados grandes modelos de linguagem (LLM), que fazem com que ferramentas como o ChatGPT, o Gemini ou o Claude percebam e escrevam texto com uma qualidade muito próxima da de um humano. Mas o que começou por ser uma interação baseada apenas em texto rapidamente evoluiu para os chamados modelos multimodais – sistemas que percebem texto, imagens, sons, vídeos,  programação ou até mesmo diferentes idiomas… Estão, de certa forma, a ficar com uma inteligência mais abrangente, mais generalista.

Pelo que o salto para a robótica parecia quase inevitável – o que aconteceria se estes novos modelos de IA, com todas as suas potencialidades, fossem aplicados aos robôs? A resposta começa a ser dada e tem aparecido sob a forma de inúmeras demonstrações, de empresas diferentes – Figure, Tesla, Google e Meta – que mostram robôs a moverem-se de maneira mais natural, a realizarem tarefas mais complexas e a mostrarem um nível de mobilidade ou destreza mais aproximado do humano. Estas tecnológicas, bem como outras empresas e centros de investigação, estão a desenvolver os chamados modelos de visão-linguagem-ação (VLA na sigla em inglês), o equivalente do GPT da OpenAI, mas para robôs. E se à primeira vista pode não parecer uma transformação significativa, é uma etapa essencial no caminho para a democratização da robótica.

“Antes era difícil passar a informação para o robô, era preciso programá-lo especificamente para uma tarefa”, explica Eduardo Mendes, diretor executivo (CEO) da Connect Robotics, uma startup de drones autónomos que fazem entregas em curtas distâncias. Com os novos modelos de IA, os robôs já conseguem fazer algumas generalizações, o que significa que não é preciso instruir a máquina especificamente no manuseamento de objetos. “Os modelos de visão computacional associam o texto às imagens. Conseguem criar esta noção de que uma banana é mais provável estar na cozinha do que na casa de banho. Estes dados acabam por permitir aos robôs decifrarem coisas sobre as quais não tinham tanta certeza. Há uns anos era difícil dizermos ‘pega no copo e põe na máquina’. Máquina, mas qual a máquina? Agora percebem que é provável que seja a máquina da loiça. Com os novos modelos, conseguem perceber isso, mesmo sem ser explícito”, explica por seu lado Iolanda Leite, professora associada na divisão de robótica, perceção e aprendizagem no Instituto Real de Tecnologia KTH, na Suécia.

Eduardo Mendes. diretor executivo da Connect Robotics

Se ver um robô a pegar numa banana e a colocá-la no frigorífico (e não num micro-ondas, por exemplo), parece uma demonstração de raciocínio, o CEO da Connect Robotics lembra o que está na base destes sistemas de Inteligência Artificial avançados. “Agora podemos juntar muitos e muitos dados de câmaras e fazer a análise destes dados. Assim, estatisticamente podemos comparar os dados recolhidos. É esse o diferencial. Os LLM são dados estatísticos, o ChatGPT e Gemini em vez de processarem vídeo ou áudio, estão a encontrar a correlação estatística entre as palavras”, explica.

Ou seja, aquilo que o robô faz não é mais do que encontrar uma relação estatística entre a banana, enquanto fruta, e o local mais provável da mesma numa casa. É esta combinação estatística que faz, na demonstração da Google, que o robô da Apptronik perceba o que é uma lancheira quando o utilizador lhe pede isso especificamente. Na prática, a evolução do software e da Inteligência Artificial Generativa está a resolver aqueles que eram, na visão de Eduardo Mendes, três grandes obstáculos na robótica. “O primeiro era a perceção, depois o raciocínio e por fim a atuação. Para nós [humanos] é tudo muito óbvio.

Um robô tem uma câmara que está a visualizar muitos píxeis. O problema da perceção é como transformo esse monte de píxeis em informação real para perceber o ambiente. Como sei onde começa e termina um objeto, que objeto é, a que distância está, onde termina a mesa, onde começa a banana… Já no raciocínio, qual é a ordenação da banana? O que tenho de fazer com a banana? Há muitos problemas que são de software”, detalha o brasileiro de 41 anos, natural de São Paulo, mas a viver em Vila Nova de Gaia.

Neste contexto, o executivo lembra que existe outra área em grande desenvolvimento e que está a potenciar tanto o desenvolvimento de sistemas de IA, como de robótica – os simuladores digitais. “Permitem estatisticamente executar mil milhões de vezes cada junta de cada motor, em software, para dizer que se quero chegar ao ponto X, tenho que mexer este e aquele motor. Antes tudo era feito de forma muito definida, agora com o avanço das placas gráficas e da IA posso treinar estatisticamente de forma muito rápida o que preciso de fazer”, explica. Por exemplo, a Meta criou 20 simuladores digitais nos quais tem treinado o seu modelo de IA para robótica, que depois é aplicado em robôs em contexto real.

Já para Iolanda Leite, algumas das demonstrações de robótica que têm sido feitas pelas grandes tecnológicas acabam por não ser tão surpreendentes, pois em ambiente académico ou de laboratório a realização de tarefas complexas por parte dos robôs já é uma realidade há algum tempo. “O software está mais capaz, está tudo um nível acima. Dá a sensação de que estão a evoluir muito rápido. Mas nós só vemos os melhores momentos e as edições cortadas do que está a acontecer, [as empresas] não são muito transparentes sobre, por exemplo, tudo o que não correu bem”, alerta.

O caminho das pedras da robótica

Por que razão a robótica é vista com tanto fascínio? Porque promete ser uma ajuda importante na resolução de alguns problemas inevitáveis – como a diminuição da força de trabalho e o envelhecimento da população –, ao mesmo tempo que promete trazer vantagens em termos de qualidade de vida – permitir às empresas fazer mais com menos recursos ou às pessoas libertarem-se de tarefas aborrecidas, dando-lhes mais tempo pessoal.

Mas não pense que estes avanços em IA e robótica recentes significam que vai ter um robô-assistente pessoal no curto prazo a cirandar pela casa. A área da robótica ainda tem muitos desafios por resolver. Mesmo que a questão do software (vamos imaginá-lo como o cérebro do robô) seja totalmente resolvida, o que distingue a robótica de um assistente digital no nosso computador é justamente a necessidade de existir e interagir no mundo físico. Aliás, a robótica é vista como uma materialização da IA no mundo físico.

Iolanda Leite, professora associada no instituto real de tecnologia KTH

O que significa que o ‘cérebro’ do robô até pode ser muito inteligente, mas para executar ações precisa de hardware como atuadores e controladores, precisa de câmaras para analisar uma área e objetos em tempo real, precisa de baterias para conseguir operar longe de uma tomada. “Os problemas da robótica sempre foram dois. A capacidade de inteligência e a capacidade de energia. As baterias, a forma como existem agora, duram muito pouco. E se o robô estiver ligado à tomada, não vai longe. Ou se vai carregar cargas pesadas, isso requer muita energia. Precisamos de ter novas formas de energia de forma mais condensada”, considera Eduardo Mendes sobre o problema da autonomia energética. A questão do próprio preço do hardware é, para Iolanda Leite, natural de Chaves e atualmente a viver em Estocolmo, uma área que também precisa de ser melhorada. No centro de investigação do qual faz parte, existem mais de duas dezenas de robôs diferentes, de simples braços robóticos a máquinas de formato humanoide.

Sim, os robôs estão a ficar mais acessíveis, mas ainda não ao ponto de estarem acessíveis como outros equipamentos de eletrónica. E ainda antes de os robôs entrarem em nossa casa, há outros desafios por resolver. “Em casa há aspetos de privacidade, por exemplo. Estamos mais longe [de ter um robô] do que pode parecer dado este grande entusiasmo. Todas as outras máquinas que temos em casa não são tão proativas. Controlamos onde estão, o que estão a fazer, o que estão a ouvir. Um robô que precise de ter câmaras, há outros aspetos que tornam mais difícil toda essa integração”, lembra a investigadora de 40 anos. A simples ideia de ter um robô com dezenas de quilos a mover-se de um lado para o outro, podendo cair sobre uma criança ou um animal, é algo que precisará de novas abordagens nos próximos anos. Mas também aqui estão a ser dados passos importantes. O Figure 02, por exemplo, já ‘só’ pesa cerca de 70 quilogramas. O Optimus, da Tesla, pesa cerca de 63 quilogramas.

Há um outro grande desafio ao qual os robôs terão de saber adaptar-se – a própria estrutura do mundo. Não é à toa que muitos robôs têm um formato humanoide, sobretudo os modelos mais recentes usados pelas grandes tecnológicas. O motivo é simples – o mundo em que vivemos foi criado para humanos. E um robô para ser útil tem de conseguir adaptar-se a esse ambiente. “Se queremos um robô que ajude na cozinha, e a cozinha foi desenhada para nós, tem de conseguir abrir gavetas, pegar num talher, fechar as gavetas. (…) O problema é que tudo já está feito para os humanos operarem, é preciso adaptar o robô para isso. É uma fase de transição”, justifica Eduardo Mendes. Também Iolanda Leite considera que o fator humano acaba por trazer um elemento de complexidade ao desenvolvimento dos robôs. “Não há conjuntos de dados que simulem as pessoas ou a física dos objetos, por isso [o desenvolvimento] é capaz de estagnar um bocadinho. (…) Não temos boas simulações para o comportamento humano”, exemplifica. Pegar numa banana é uma ação, descascar a banana é outra e colocar a banana no frigorífico com pessoas na cozinha é outra completamente diferente.

Robôs em todo o lado

Quando pensamos num futuro com robôs, é fácil cair num cenário de ficção científica como o do filme Eu, Robô, no qual já existe um humanoide assistente na casa de muitas pessoas. Mas o futuro – a curto prazo, pelo menos – da ascensão das máquinas será um pouco diferente. Sim, haverá cada vez mais robôs em utilização, mas não obrigatoriamente com o formato humanoide. Um carro autónomo é, em boa verdade, um robô. Um drone de entregas também. Um quadrúpede que faz vistorias autónomas a edifícios também. Um autómato de transporte num armazém, igualmente. Ou seja, aos poucos vão começar a surgir muitas tipologias de robôs – equipamentos autónomos que executam tarefas específicas – que deverão libertar os humanos de tarefas mais rotineiras e repetitivas.

A Connect Robotics já está a operar entregas autónomas de drones todos os dias, na Fundação Champalimaud, em Lisboa, de material de farmácia para tratamento de pacientes. Ao todo, já foram feitas mais de 5000 entregas, segundo Eduardo Mendes. “Estamos a expandir, temos outros clientes já em contrato para fazer entregas, principalmente na área da saúde, mas também para distribuir peças de carro para as oficinas de mecânica. E estamos a iniciar agora uma nova área, chamada de olhos no céu [eye in the sky no original em inglês], que é inspeção de longa distância feita com drones”.

Este é apenas um exemplo de como a automação vai começar a ser aproveitada por diferentes áreas de negócio, neste caso a logística. “A robótica vem mudar tudo em áreas que são perigosas, repetitivas e em muitas coisas que podem ser e devem ser automatizadas. Por exemplo, nós não fomos feitos para conduzir. Muita gente morre todos os dias porque não somos feitos para conduzir. Daqui a 500 anos as pessoas nem vão acreditar que fazíamos uma caixa de ferro com motor de explosão”, comenta o CEO da Connect Robotics.

É justamente na inevitabilidade de uma vida com mais robôs que Iolanda Leite tem desenvolvido a sua investigação. Formada no Instituto Superior Técnico, a professora e investigadora tem trabalhado no conceito de tornar os robôs mais sociais. “Sociais não no sentido de serem os nossos melhores amigos. Mas uma vez que vão partilhar o espaço connosco, precisam de ser sociais, para não serem indelicados ou chatos. O meu aspirador robô, se eu estiver na sala, quero que ele vá aos quartos antes de vir fazer barulho para onde estou. Esta consciência social é muito importante para que depois consigam fazer aquilo para o qual estão programados”. Isto porque ao perceberem o contexto social no qual se inserem, permitirá “melhorar o serviço prestado às pessoas”. Mas a investigadora não tem dúvidas: nesta fase, “menos humanos é melhor para os robôs”, pois as pessoas trazem “mais caos” ao ambiente no qual o robô opera.

Com todos os desenvolvimentos recentes, a Inteligência Artificial começa a ganhar corpo e a ocupar um espaço que era dos humano. A ascensão das máquinas pode ser lenta, pelos motivos já apontados, mas é inevitável.

A investigação em oncologia — e, em particular, aquela que se foca na análise de amostras humanas, como tecidos tumorais ou outros tipos de amostras — depende de várias estruturas de apoio absolutamente essenciais para que possa avançar. Refiro-me a estruturas hospitalares, como a cirurgia, a imagiologia e a anatomia patológica, mas também aos biobancos. Mas afinal, o que são biobancos? Identificados como uma das “ideias de futuro” pela prestigiada revista Time há quase 20 anos, existem em ambientes académicos e hospitalares — de forma mais ou menos formal — há já muito tempo. Os biobancos são estruturas de apoio que visam facilitar a realização de projetos de investigação, permitindo o acesso a amostras biológicas e à respetiva informação clínica associada. Como me refiro, neste contexto, à investigação em oncobiologia, falo concretamente de biobancos que recolhem, processam e disponibilizam amostras humanas, embora existam também biobancos dedicados ao armazenamento de amostras de outras fontes, como animais (incluindo insetos) ou plantas (incluindo sementes). Pensemos numa ideia científica e clinicamente relevante: procurar um biomarcador de resposta terapêutica em amostras de sangue de doentes com cancro da mama. Em que consiste esse projeto e de que forma pode o biobanco contribuir? Ao organizar a recolha de amostras de sangue antes, durante e após o tratamento, e ao processar essas amostras separando soro, plasma e componentes celulares (como células imunes ou circulantes), o biobanco assegura uma uniformização que facilita a análise laboratorial posterior.

Ao organizar a recolha de amostras de sangue antes, durante e após o tratamento, e ao processar essas amostras separando soro, plasma e componentes celulares (como células imunes ou circulantes), o biobanco assegura uma uniformização que facilita a análise laboratorial posterior

No laboratório, será então possível investigar a presença e a relevância do tal biomarcador — por exemplo, uma hormona ou outro fator quantificável no sangue — e perceber o seu eventual papel na melhor ou pior resposta das pacientes à terapêutica. Além disso, o biobanco permite o acesso a um número elevado de amostras, algo essencial para que as conclusões obtidas tenham validade estatística e significado clínico. Um aspeto fundamental da atividade dos biobancos é, para além da recolha e processamento de amostras biológicas como sangue ou tecido tumoral, o acesso e a recolha de informação clínica detalhada dos dadores de forma anonimizada. Este processo envolve a aprovação por uma comissão de ética, a obtenção de consentimento informado por parte dos pacientes e a recolha de dados pessoais e clínicos. A informação é então codificada, com acesso restrito à chave de identificação, garantindo assim a proteção dos dados. Esta informação pode ser usada em estudos integrativos sobre desfechos clínicos, risco genético ou caracterização de variantes genéticas que reflitam a diversidade populacional e a resposta a fármacos, entre muitos outros exemplos possíveis. Todo o processo está sujeito a autorizações e auditorias técnicas, de forma a assegurar que os direitos dos dadores estão protegidos. Afinal, o objetivo é facilitar a investigação científica sem comprometer os direitos e a privacidade dos cidadãos que generosamente contribuem com as suas amostras.

No caso concreto do biobanco de que faço parte enquanto membro da equipa, houve recentemente uma mudança importante que importa comunicar aos dadores. O GIMM (Gulbenkian Institute for Molecular Medicine) nasceu da fusão de dois institutos de investigação de referência: o Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e o Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC). Como parte desta fusão, o Biobanco-iMM — um dos mais antigos do País, com 11 anos de atividade — passou a designar-se Biobanco-GIMM. Esta mudança de nome e imagem não altera, contudo, a nossa missão. A atividade e o empenho do Biobanco mantêm-se, e o GIMM assume o compromisso de lhes dar continuidade, garantindo que os direitos dos dadores sobre os dados e amostras biológicas continuam salvaguardados. O trabalho “nos bastidores” de estruturas como os biobancos é fundamental para assegurar boas práticas na investigação científica, especialmente na área da oncologia. É através deste tipo de suporte que se criam as condições para descobertas inovadoras e clinicamente relevantes, capazes de melhorar a resposta clínica e, consequentemente, a qualidade de vida dos doentes.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Uma coisa é garantida: difícil mesmo é escolher o que fazer. Mas isso depende dos teus gostos e do sítio onde vives. E até podes só querer ir passear com a tua família ou tomar um belo banho de mar. Se não é o caso, e estás com vontade de fazer um programa especial, aqui ficam algumas ideias.

Espaço aqui vamos nós

Paulo Nespoli (na foto) e Reinhold Ewald, da Association of Space Explorers, visitam o Pavilhão para uma conversa repleta de curiosidades

No Pavilhão do Conhecimento, a festa é toda tua. Tua e da tua família! Durante o dia, vão realizar-se muitas atividades e todas gratuitas.

O dia começa no espaço exterior com o lançamento de pequenos foguetões e para que consigam voar, vais ter de contar com os teus conhecimentos de física e química? Arriscas? Se gostas de jogos em equipa, podes também participar numa das três sessões de laser tag.

Ainda durante a manhã, o Auditório recebe dois astronautas da Association of Space Explorers que vão responder às tuas dúvidas e curiosidades sobre as viagens ao Espaço. A sessão será traduzida para Português.

Também és convidados a participar em experiências químicas, e o chef Pedro Viana faz-te um convite: “Vai um geladinho (químico)?”. Com sorte até vais saborear um cometa.
Pavilhão do Conhecimento, Lisboa. A entrada é livre para visitamtes até aos 17 anos. Podes consultar o programa completo aqui.

Bloco a bloco…

Se ainda não visitaste a Brickopolis Lourinhã, a maior exposição permanente de construções em LEGO® do mundo, este é o dia ideal.

Além de poderes apreciar as fantásticas construções que reproduzem monumentos icónicos do mundo, cenários épicos de sagas como Star Wars e Harry Potter e cidades inteiras feitas à escala de minifiguras, haverá atividades ao longo do dia, como o workshop de Fotografia, onde aprenderás dicas e truques para registar os melhores momentos em família.

Para dares asas à tua criatividade, a Playzone está ao teu dispor. Nesta área, serão lançados desafios e poderás brincar com blocos e construir livremente e explorar ideias com o apoio de monitores.

Ah, e ainda podes contar com uma corrida de carros de Lego® no Grande Prémio de Brickopolis, onde se pode construir e competir com carros personalizados.
Brickopolis Lourinhã, junto ao Dinoparque. Recomenda-se a reserva antecipada aqui.

Uma ida ao teu teatro

Se queres fugir ao calor, o Teatro LU.Ca é uma excelente escolha para começares o dia. É ali que está em cena o espetáculo Em Suspenso, que mistura marionetas e circo, e os protagonistas são uma trapezista e um balão.

Um balão-marioneta muito especial que ganha vida, cresce ao ritmo das quedas e de novos equilíbrios, numa viagem acrobática num ambiente musical mágico que nos é trazido pela companhia Théâtre L’Articule (Suíça), integrado na programação do FIMFA Lx25, o Festival Internacional de Marionetas.
Teatro Lu.Ca, Lisboa. Às 11h30 e 16h30. Maiores de 4 anos

O palco pode ser na rua

Espetáculo UAU!

O Dia da Criança é também o último dia do Festival Sementes, o festival de teatro para miúdos da tua idade, organizado pelo Teatro Extremo que põe Almada (mas não só) em festa.

E olha que apesar de este ser o último fim de semana, ainda há muitos espetáculos para ver. E alguns são na rua, de entrada livre. No domingo, por exemplo, às 11 da manhã, o Parque Mário Bento, no Poceirão (Palmela) vai ser invadido por um casal de palhaços a bordo do seu bizarro veículo de cobre e metal, com rodas, motor e sistema de som. O seu veículo é a sua casa e o parque o local perfeito para fazer uma pausa nesta longa viagem. É o espetáculo UAU!

À 5 da tarde, no Largo Gabriel Pedro, em Almada, podes assistir a Birakolore, um espetáculo de marionetas com duas personagens muito curiosas: um casal de velhotes. Ambos os espetáculos são de entrada livre.
No fim de semana, porém, há muitos outros espetáculos para ver. A não perder!
Festival Sementes. Vários locais. Consulta o programa completo aqui.

Filmes e mais filmes

Se vives na zona do Porto e gostas de cinema, podes dar um salto ao Shopping Cidade do Porto, onde vão decorrer sessões de cinema imersivo, ou seja, são filmes que usam uma tecnologia que te faz sentir que estás mesmo dentro do filme, pois o ecrã tem 360 graus.

Há sessões educativas e interativas sobre temas como proteção dos oceanos e viagens ao Espaço, com uma duração entre 30 e 40 minutos. Podes consultar títulos dos filmes e horários das sessões aqui.
Shopping Cidade do Porto. Dos 3 aos 14 anos. A participação é gratuita, mas as sessões estão sujeitas a inscrição prévia no local

Mais de 250 oficiais de justiça estão a ser notificados pela Direção-Geral de Administração da Justiça (DGAJ) para devolverem remunerações que receberam a mais devido a um erro da tutela, segundo um despacho datado de quinta-feira a que a agência Lusa teve acesso.

Em causa está a aplicação errada de uma decisão de 2023 do Tribunal Administrativo de Círculo de Lisboa que obrigou a DGAJ a contabilizar o “período probatório” dos oficiais de justiça para efeitos de progressão na carreira.

No despacho de 29 de maio, a diretora-geral da Administração da Justiça em regime de substituição, Filipa Lemos Caldas, determina a notificação de 264 oficiais de justiça para que reponham os “montantes indevidamente pagos, em virtude da errada reconstituição da sua situação remuneratória”.

Em comunicado, o Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) disse estar “a estudar a melhor forma de reação” ao despacho.

O utilizador de contas Google Workspace no iOS e no Android vão poder começar a ver resumos gerados por Inteligência Artificial das mensagens de correio eletrónico que estejam nas suas caixas de entrada. A Google já tinha uma funcionalidade semelhante para Docs, Sheets, Slides, Drive e Gmail, mas o utilizador tinha de manualmente selecionar a opção de gerar o resumo. Agora, o sumário é apresentado no topo do email, assim que se abre a mensagem.

Segundo o Engadget, o sistema vai ser capaz de apresentar os pontos-chave da mensagem ou do conjunto de mensagens e o resumo é gerado novamente sempre uqe chegam mais respostas, mantendo-se assim sempre atualizado. Nesta fase, a funcionalidade só vai estar disponível para mensagens escritas em Inglês e os utilizadores têm de ter as funcionalidades inteligentes ativadas no Gmail, Chat, Meet e Workspace.

Para já, não há referência da Google sobre se a novidade vai chegar a contas fora do Workspace e ao Gmail no computador, fora da app móvel. A opção de “Resumir este email” já está disponível a um conjunto mais alargado de utilizadores.

Recorde-se que esta é apenas uma das muitas novidades relacionadas com Inteligência Artificial no Gmail: o Gemini já consegue ajudar a escrever novas mensagens, encontrar informação relevante na caixa de entrada e há a opção de Respostas Inteligentes Personalizadas, onde o utilizador pode consultar uma proposta escrita automaticamente e que considera os emails passados e o tom de resposta.

Uma equipa de astrónomos executou mais de duas mil simulações com a ferramenta Horizons System da NASA e alerta que a passagem de uma estrela ou conjunto de estrelas rebeldes pode desequilibrar a forma como o Sistema Solar está estabelecido atualmente. Apesar de a maior parte das passagens não trazer grandes consequências, teme-se que alguma destas ocorrências possa causar o caos e acabar por ‘empurrar’ a Terra para longe do Sol e para o espaço profundo.

A análise publicada no Icarus sugere que as consequências desastrosas podem dever-se principalmente a um planeta, Mercúrio, que é o mais próximo do Sol e mais vulnerável a instabilidade, uma vez que a sua órbita pode tornar-se mais elíptica. Os astrónomos acreditam que aumentar a excentricidade pode desestabilizar a órbita de Mercúrio, levando-o a colidir com Vénus ou mesmo com o Sol, situação que só será agravada pela passagem de uma estrela nas proximidades, noticia o Gizmodo.

O estudo teve em consideração os dados do Solar System Dynamics Group que monitoriza com precisão a posição de objetos no Sistema Solar. A equipa esboçou vários cenários envolvendo a passagem de estrelas e conclui que as ‘razias estelares’ nos próximos cinco mil milhões de anos aumentam a instabilidade do Sistema em 50 por cento. Por planetas, Mercúrio e Marte são os mais prováveis de serem perdidos após uma passagem e, embora na Terra a taxa de instabilidade seja baixa, há uma probabilidade maior de vir a sair de órbita devido a uma colisão com outro planeta.

“A natureza das instabilidades geradas por estrelas é mais violenta do que as instabilidades geradas internamente. A perda de múltiplos planetas em instabilidades geradas por estrelas é comum e acontece cerca de 50% das vezes [nas simulações], ao passo que parece ser bastante rara para instabilidades geradas internamente”, conta a equipa no estudo.

No decurso da presente semana foi conhecido o mais recente relatório do GREVIO (Grupo de Peritos do Conselho da Europa para a Ação contra a Violência contra as Mulheres e a Violência Doméstica). O relatório merece, por um lado, uma análise integral, que não se baste com a simplicidade dos soundbites, e, por outro, uma ponderação evolutiva, tendo em conta, por exemplo, anterior relatório de avaliação de referência sobre Portugal, publicado em 21.01.2019.

Em primeiro lugar, importa salientar que o GREVIO é uma entidade credível e que, uma vez mais, procedeu a uma análise independente sobre os progressos realizados ao nível da prestação de apoio, proteção e justiça relativamente ao fenómeno da violência contra as mulheres e da violência doméstica. Assim, o que se exige sobre o mesmo é, no mínimo, uma ponderada reflexão. A complexidade do tema e todo o seu enredo, seja na vertente social, familiar, educacional, jurídica ou judicial, exige mais uma radiografia conjunta do que o habitual jogo do “passa culpas”, em que poucas ou nenhumas soluções verdadeiramente estruturais se conseguem alcançar em prol do que deve importar. Aliás, a gravidade do assunto é de tal ordem que exige de todos os intervenientes no sistema que essa reflexão se faça em conjunto, porque, em 2025, tal como em 2019, há vários aspetos que podem, devem e têm ser melhorados.

Começando pela magnitude do fenómeno, não há como negar o quão impactantes são os números envolvidos e que, em pleno século XXI, não podem deixar de ser uma fonte de preocupação que exige envolvimento coletivo. Só tendo por referência os dados de 2024, disponibilizados pela CIG (Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género), constatamos que foram efetuadas às autoridades policiais um total de 30086 ocorrências. No mesmo período foram aplicadas 7378 suspensões provisórias do processo, 1345 arguidos foram colocados em prisão preventiva e 4057 arguidos foram condenados em penas de prisão efetiva. Por sua vez, 3637 arguidos ficaram sujeitos a medidas coativas acompanhadas de vigilância eletrónica, sendo que 10696 condenados frequentam programas para agressores em meio prisional ou na comunidade. No que se reporta ao apoio à vítima, há a salientar que 21608 pessoas foram abrangidas pelo sistema de teleassistência, sendo este o número mais alto desde 2018.

Perante estes dados, não podemos deixar de assumir que estamos perante um flagelo que deve ser olhado de frente e devidamente combatido de forma conjugada, multidisciplinar e em colaboração alargada. Esta é uma exigência e um desafio que todos os que têm um papel no sistema devem colocar em cima da mesa, relembrando a mais dramática estatística de todas: só em 2024 faleceram 22 pessoas vítimas de homicídio conjugal. Com efeito, pese embora o GREVIO destaque avanços positivos demonstrados por Portugal na conformação das suas medidas com as exigências da Convenção de Istambul, importa que não se ignore o “copo meio vazio” que ali também se enfatiza.

Começando pela magnitude do fenómeno, não há como negar o quão impactantes são os números envolvidos e que, em pleno século XXI, não podem deixar de ser uma fonte de preocupação que exige envolvimento coletivo

E comecemos, desde já, pelo aspeto que mais pungente do relatório do GREVIO no que respeita às atitudes dos tribunais portugueses. Ali se conclui que, em 2025, ainda se verificam atitudes patriarcais persistentes entre alguns membros da magistratura, o que tem consequências negativas para as mulheres vítimas de violência doméstica, tanto nos processos penais como nos processos de regulação do exercício das responsabilidades parentais”. Ora, pese embora o relatório aponte esse dedo a uma franja diminuta da magistratura, assinalando até que os tribunais portugueses têm demonstrado uma compreensão progressista e positiva, a verdade é que não podemos deixar de olhar de frente para o “elefante” que este relatório coloca na “sala” do sistema judicial. Refletir sobre a questão não diminui o sistema, antes o reforça em legitimidade, objetividade e independência, sendo que essas diretrizes se impõem, de forma absolutamente transversal, aos tribunais de todas as instâncias e aos juízes de todos os géneros e idades. Faz sentido por isso que a iniciativa da mudança, das melhorias e do progresso passe também pelos órgãos de governação do poder judicial, salvaguardando a sua independência, mas não podendo deixar de contribuir para o seu prestígio.

No que se reporta à apontada necessidade de formação obrigatória e contínua do setor judicial sobre todas as formas de violência contra as mulheres, é de salientar que os juízes têm sempre reclamado por mais, melhor e mais frequente formação nas diversas áreas do saber e nesta muito em particular. A atualização de conhecimentos é fundamental à evolução da justiça, ao seu aprimoramento e adequação às novas realidades. A sociedade está em contínua mutação, assim como as leis que a organizam. A criminalidade ganha, cada vez mais, novas facetas, e a forma de a encarar não pode prescindir da criação de condições, designadamente ao nível da organização do serviço, para que os magistrados possam atualizar continuamente os seus conhecimentos. E pese embora a formação dos magistrados na matéria seja já uma realidade e com manifestos avanços nas últimas décadas, deve sempre aproveitar-se todas as oportunidades para se ir mais longe na compreensão do fenómeno, na forma de abordar vítimas, crianças e arguidos, na forma de avaliar as situações de risco, na promoção da redução das situações de revitimização nos sucessivos contactos com o sistema e na ponderação de uma atuação mais eficaz e célere. Estas são aliás reflexões que estão na ordem do dia para os magistrados, salientando-se que, na mesma semana em que é conhecido o relatório do GREVIO, foi também publicada uma nova edição da Revista Julgar (nº55), promovida pela Associação Sindical dos Juízes Portugueses, direcionada para o tema dos dez anos da Convenção de Istambul, e que juntou, num volume dedicado, análises profundas apresentadas por Juizes, Procuradores, Membros da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, da Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, Psicólogos, Psiquiatras, Membros do GREVIO, Professores Universitários, Técnicos de Apoio à Vítima e Investigadores.

Por sua vez, o GREVIO também assinala um favorecimento, em geral, da suspensão provisória do processo e das penas de prisão suspensas na sua execução, apontando para alguma brandura das penas aplicadas. Não pondo em causa que cada um desses milhares de casos possa ter tido a reação penal adequada às respetivas circunstâncias, esta visão panorâmica sobre o sistema importa que se revisite o quadro legal. Sem nos enredarmos excessivamente nas questões técnicas, convém salientar que o crime de violência doméstica apresenta uma moldura penal que, no seu limite máximo, se fica pelos 5 anos de prisão. Essa moldura penal legitima a ponderação da suspensão provisória do processo, pois que este instituto está previsto precisamente para crimes puníveis até 5 anos de prisão. Por outro lado, a lei determina expressamente que em processos por crime de violência doméstica, a suspensão seja determinada mediante requerimento apresentado pela própria vítima, o que nos remete para um aspeto legal que mitiga, em parte, o efeito de crime público próprio do crime de violência doméstica. Mas, não menos importante, a lei prevê que o tribunal deve suspender a pena não superior a 5 anos de prisão se, em face da prova recolhida no caso concreto, puder fazer uma ponderação favorável relativamente ao comportamento futuro do arguido. Ora, todas estas opções legais podem, como é evidente, ser objeto de reponderação e de alguma afinação, porém, e como ensinava Beccaria, sempre com as cautelas, há muito estudadas, de que um dos maiores freios dos delitos não é a crueldade das penas, mas a sua infalibilidade”.

Este aspeto remete-nos, de imediato, para um outro que não é de somenos importância e que se reporta aos meios disponíveis para que o sistema seja mais efetivo e, tanto quanto possível, infalível. Urge capacitar o Ministério Público e os tribunais de magistrados e de funcionários que permitam, com o auxílio de assessorias, não apenas jurídicas mas multidisciplinares, acelerar os tempos de resposta, bem como o acompanhamento mais próximo das pessoas envolvidas nos processos, com a monitorização da evolução da situação ao longo do processo desde que este entra no sistema até que finda. Este alargamento de meios deve também abranger polícias e entidades de apoio às vítimas, gerando um trabalho sustentado e em rede. Para o efeito, como também assinala o GREVIO, é fundamental que sejam alocados mais recursos financeiros quer às autoridades públicas quer às organizações não governamentais que trabalham com este fenómeno, sendo que, apesar de ligeiras e pontuais melhorias, “os mecanismos de financiamento em Portugal para a prevenção e o combate à violência contra as mulheres mantêm-se, em grande medida, inalterados”. É fundamental que este financiamento abarque também a proteção das vítimas, designadamente com a criação de linhas de atendimento e apoio e expansão de serviços de acolhimento.

Do mesmo modo, e porque a questão não pode ser apenas ponderada no ponto de vista da reação, a prevenção, designadamente por via da educação, afigura-se providencial. Sem prejuízo da intensificação das campanhas de sensibilização que vêm sendo feitas desde há vários anos, concordamos com o GREVIO quando assinala a necessidade de uma educação para a igualdade e para a prevenção da violência, designadamente ao nível dos currículos escolares, fomentando-se, desde cedo, a criação de novas mentalidades, baseadas na empatia e na tolerância.

Reconhecendo que estamos perante um problema que toca diretamente na forma como queremos que os direitos humanos sejam tratados no nosso país, que as suas características estão estudadas e que o diagnóstico está feito, importa continuar a fazer um caminho da mudança que Istambul exige de todos nós em pleno século XXI.

O desafio é agora.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Palavras-chave:

As pessoas estão cansadas, irritadas e zangadas com os partidos políticos, com os governos, com os empregadores e com os média. As pessoas já não suportam mais serem enganadas, aldrabadas, usadas, ignoradas e insultadas. Estão desesperadas e não confiam em ninguém.

Nada funciona em condições e com qualidade.

A sociedade degrada-se a olhos vistos, as condições de vida são cada vez piores, o futuro apresenta-se assustador; ano após ano, decénio após decénio.

As pessoas sentem-se incapazes de mudar, de melhorar seja o que for. Ninguém as ouve, ou quer ouvir, sentem-se inúteis, incompetentes e impotentes.

As pessoas sentem-se traumatizadas, doentes, muito tristes e deprimidas, angustiadas e assutadas. As pessoas sentem-se ameaçadas e encurraladas.

As pessoas já não conseguem viver, suportar o sofrimento que sentem e a falta de opções. A vida escapasse-lhes sem conseguirem viver, sem nada poderem fazer pelas suas famílias e pelos seus filhos. Perdem-nos, a ambos, antes de terem a oportunidade de os ganharem.

As pessoas sentem-se perdidas e sem opções. A liberdade e a democracia não trouxeram a liberdade e a democracia. Alguém ficou com elas.

As pessoas sentem-se dependentes e, ao mesmo tempo, impedidas de constituírem a sua própria vida, pelas suas próprias mãos.

As pessoas já não conseguem conter o nojo e a vergonha com o que sentem, com o que veem e com o que fazem.

Os que deram forma à atual sociedade construíram sociedades paralelas, de facto, uma sociedade de castas, em pleno século XXI!

A democracia é saudável, terapêutica e social, mas precisa de ser construída e enriquecida, sem, pelo caminho, excluir ninguém, sem tratar mal, seja quem for.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

Em Portugal, a existência de apoio domiciliário para pessoas idosas remonta ao final da década de 1970, muito embora só a partir do final da década de 1990 é que esta resposta social se tenha destacado no apoio à população mais velha.

De acordo com a Segurança Social, o Apoio Domiciliário consiste numa resposta social destinada à “prestação de cuidados e serviços a famílias e ou pessoas que se encontrem no seu domicílio, em situação de dependência física e ou psíquica e que não possam assegurar, temporária ou permanentemente, a satisfação das suas necessidades básicas e ou a realização das atividades instrumentais da vida diária, nem disponham de apoio familiar para o efeito”.

Apesar de o SAD não ter sido originalmente concebido como uma resposta de tipo universalista, ou seja, em que se prestam os mesmos serviços a todos as pessoas por ele abrangidos, o que se verifica na prática é que a grande maioria das instituições limita a oferta a uma tríade de serviços convencionais: fornecimento de refeições, cuidados de higiene pessoal e tratamento da roupa dos utentes. Apesar das mudanças no perfil das pessoas mais velhas que permanecem nas suas casas e que recorrem ao SAD, a natureza dos cuidados e serviços prestados tem registado poucas alterações ao longo dos anos. Para além disso, muitos SAD continuam a limitar a sua atividade aos dias úteis da semana, excluindo a prestação de cuidados aos sábados, domingos e feriados.

De acordo com a Carta Social 2023, existiam 2 739 respostas de SAD, prestando apoio a 76 188 pessoas idosas. Nestes valores incluem-se a rede solidária e pública e a rede privada/lucrativa, localizando-se a maioria das respostas, predominantemente, nas regiões norte e centro do país. Contudo, ao contrário do que sucede com a resposta Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (também vulgarmente conhecida como Lar de Idosos), assiste-se no caso do SAD a um fenómeno que merece destaque: a existência de uma taxa de ocupação inferior à capacidade instalada. Na verdade, de acordo com a Carta Social 2023, a uma taxa de ocupação não ultrapassava os 66%, isto é, uma em cada três vagas de apoio domiciliário não se encontra preenchida.

Outros estudos têm assinalado a mesma tendência, confirmando uma realidade que os sucessivos relatórios da Carta Social evidenciam: a evolução da capacidade da resposta SAD não tem sido acompanhada pelo número de utentes interessados em usufruir deste serviço.

A complexidade da situação experimentada por uma larga franja de pessoas idosas que vivem nas suas residências desafia a forma como atualmente o SAD está pensado e é implementado. Com efeito, não é porque as pessoas idosas usufruem de Apoio Domiciliário que passam a apresentar menos pobreza ou a relatar menos isolamento. Muitas são reféns na sua própria casa (sendo a profissional do SAD a única pessoa com quem contactam durante o dia), e outras, para além do SAD, são cuidadas pelo cônjuge e/ou familiares, que também necessitariam de apoio devido ao desgaste provocado pelo processo de cuidar, frequentemente sem pausas ou interrupções.

Tendo como objetivo central contribuir para a permanência da pessoa idosa no seu domicílio, é necessária uma maior adequação do modelo vigente do SAD às necessidades da população, ultrapassando a atual lógica de resposta a necessidades básicas, pouco diferenciadora e com uma oferta de serviços limitada.

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A AT emitiu um novo alerta para emails falsos enviados em nome do organismo, alguns aliciando o contribuinte para possível reembolso.

Numa mensagem publicada no Portal das Finanças, a AT alerta que nas mensagens em causa é pedido que se carregue nos links fornecidos com objetivo de convencer o contribuinte a fornecer dados, o que nunca deve ser efetuado.

Numa altura em que prosseguem os reembolsos do IRS, uma destas mensagens fraudulentas aproveita o tema e, usando abusivamente o logótipo da Autoridade Tributária e Aduaneira, avança com a “Boa notícia” de que o “Senhora pode ter direito a um reembolso de imposto”.

Após um breve texto em que se diz que foi identificada “a possibilidade de um valor a ser restituído”, o mail apresenta um link, com a AT a avisar que se trata de uma fraude.

A AT partilha mais exemplos destas mensagens falsas, de supostas notificações eletrónicas, precisando que “estas mensagens são falsas e devem ser ignoradas”.

“O seu objetivo é convencer o destinatário a aceder a páginas maliciosas carregando nos links sugeridos. Em caso algum deverá efetuar essas operações”, refere o alerta da AT que recomenda aos contribuintes a leitura do folheto informativo sobre Segurança da Informação disponível no Portal das Finanças.