Desde que se estrearam em 1984, com o single Letras (no lado B tinha uma versão de O Vento Mudou, de Eduardo Nascimento), os Delfins anunciaram logo ao que vinham, fugindo ao estereótipo do então denominado rock português.
Com uma imagem mais polida e um som assumidamente mais pop, o grupo de Cascais ganhou um lugar ao sol – o trocadilho é fácil – logo ao primeiro álbum, Libertação, lançado em 1987, graças a uma versão de Canção do Engate, um original de António Variações que ganharia estatuto de clássico na voz de Miguel Ângelo.
Seria o primeiro de uma longa lista de êxitos, que haveria de tornar os Delfins uma das bandas de maior sucesso da história da música portuguesa, num trajeto agora celebrado neste concerto “muito especial”, como o classifica à VISÃO o vocalista Miguel Ângelo. “Tem um grande significado para a banda, porque vai ser a primeira vez que tocamos no Meo Arena, a única das grandes salas que nos falta, já que não existia no nosso tempo de maior sucesso. Para as pessoas que gostam dos Delfins, será uma viagem por todos os grande êxitos”, promete.
“Ainda hoje temos a sorte de ter muitos singles a passar na rádio, cerca de 200 vezes por mês, o que é bastante para uma banda que deixou de tocar há mais de dez anos”, sublinha o cantor, que vai subir ao palco com Fernando Cunha (guitarra e voz), Luís Sampaio (teclados), Rui Fadigas (baixo), Jorge Quadros (bateria) e Dora Fidalgo (voz), para interpretar clássicos como Baía de Cascais, Sou Como um Rio, Nasce Selvagem ou Um Lugar ao Sol.
“Vamos celebrar 40 anos de canções e não tanto de carreira, através desses temas que tivemos a sorte de entrarem para o cancioneiro pop nacional”, sustenta, revelando um pouco mais sobre o concerto: “As canções vão suceder-se umas atrás das outras, de modo muito rápido, de forma a não se cair na nostalgia. Uma atuação muito enérgica, que nos obrigou a uma certa preparação física, pois já não somos tão novos, mas acima de tudo porque não queríamos tornar os Delfins uma espécie de banda de versões de nós próprios”.
O primeiro regresso da banda aconteceu em 2019, a convite da Câmara de Cascais, que os desafiou a juntarem-se para darem um concerto com orquestra. Na sequência desse concerto, decidiram fazer uma tour de celebração (foi mesmo esse o nome escolhido) que acabou por ser adiada devido à pandemia. Tocariam ainda no último Rock in Rio, mas depois, como se aproximavam a passos largos dos 40 anos de carreira, optaram por celebrar a data redonda em palco, com uma digressão que os vai manter na estrada pelo menos até ao final do ano.
Uma decisão que lhes valeu, também, uma renovação dos fãs, como realça Miguel Ângelo: “Temos visto muita gente muito jovem no público, o que é engraçado, porque a pop vive muito do momento, mas há canções que sobrevivem a isso e tornam-se referências para as gerações mais novas.”
Delfins > Meo Arena, Lisboa > 6 abr, sáb 21h30 > €25 a €80