Durante a pandemia, Diogo Varela Silva percorreu as ruas de Alfama e da Mouraria em busca da História e das histórias das coletividades que, em tempos, foram o coração dos bairros. O que encontrou foi um conjunto de ruas e vielas abandonadas. Os turistas, que desalojaram os locais, acabaram também eles por desaparecer com a pandemia, transformando sobretudo Alfama num bairro-fantasma.
Varela Silva, ele próprio figura querida dos bairros, não se tratasse do neto de Celeste Rodrigues, escolheu o momento certo para propor uma reflexão. Evitando um tom cáustico, apercebeu-se de que os bairros estão num processo de transformação. Alfama mais gentrificada, a Mouraria com uma mudança do tipo de população (albergando dezenas de nacionalidades é o mais cosmopolita dos bairros lisboetas), mas ainda assim viva. O documentário Do Bairro propõe-nos esse olhar e essa reflexão através das coletividades e dos seus anciãos. Ao mesmo tempo, é uma das mais bem conseguidas obras do realizador (autor de Zé Pedro Rock’n’Roll), em termos estéticos, arquitetónicos e também ao nível do próprio som. Está cheia de momentos bonitos, sendo que o auge é um fado cantado à desgarrada.
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Do Bairro > De Diogo Varela Silva, documentário > 75 min