Os anos avançam e as tradições também. De 13 a 20 de agosto, na zona fronteiriça entre Marvão e Valencia de Alcántara (Espanha), os caixeiros-viajantes voltam a dar lugar aos cinéfilos-viajantes para levarem, de terra em terra, o que de melhor se tem feito no cinema de autor e independente na Península Ibérica.
O festival Periferias está de regresso para a sua 9.ª edição e, com ele, voltam também as telas montadas em estações de comboio desativadas, castelos e ruínas romanas. Nestas sessões de cinema ao ar livre, o bom tempo faz-se acompanhar de histórias surpreendentes e emotivas, que põe em destaque temas como o êxodo rural, os direitos humanos e a importância da arte e da cultura.
O festival começa nesta sexta, 13, no Castelo de Marvão, com Labirinto da Saudade (2018), baseado na obra homónima de Eduardo Lourenço. A sessão, às 21 horas, contará com Miguel Gonçalves Mendes, realizador do filme, que explicará quais as razões que o fizeram mergulhar no trabalho daquele que é um dos mais aclamados pensadores portugueses do último século.
Na noite de sábado, 14, é entre os dois lados da fronteira que se celebra a sétima arte. No castelo de Valencia de Alcántara (22h30, hora espanhola), o cineasta português Miguel Gonçalves apresenta José e Pilar (2010), um documentário que relata a intimidade e cumplicidade que marcaram a relação de José Saramago e Pilar del Rio, desde o dia do seu primeiro encontro até à morte do escritor Nobel da Literatura.
Do lado de cá da fronteira, no Parque de Esculturas Maria Leal da Costa, na Quinta do Barrieiro, exibe-se, às 21h30, o filme Mar Infinito (2021), em antestreia. Realizado por Carlos Amaral, o enredo desta ficção científica passa-se num futuro distópico em que a Humanidade se vê obrigada a deixar a Terra e a habitar outros planetas.
Durante a semana, o destaque da programação vai para Bossa Negra: Uma Viagem Musical (2020), de Rafaê e Marcos Portinari, exibido na estação de comboios desativada de Marvão-Beirã (dia 17, ter 21h30). O documentário relata a viagem pela Europa dos músicos Diogo Nogueira e Hamilton de Holanda, durante a qual se cruzaram com nomes da música brasileira, como Caetano Veloso e Gilberto Gil.
Na quarta, 18, do outro lado da fronteira, Destello Bravío (2021) enche a tela de Lonja del Corcho, em San Vicente de Alcántara, pelas 22 e 30 (hora espanhola). Elogiado pela crítica como um dos filmes espanhóis mais surpreendentes do ano, o enredo alia a criatividade surrealista com a responsabilidade social de lutar contra a desigualdade de género numa pequena aldeia da Extremadura.
O festival termina na sexta, 20, no Museu Vostell, em Malpartida de Cáceres, como vem sendo habitual. Além da exibição do documentário António Machado, Los Días Azules (2020), de Laura Hojman (22h30, hora espanhola), é também naquele anfiteatro ao ar livre que irá ser revelado o vencedor do prémio do público Tajo-Tejo Internacional.
A par da programação ao ar livre, o Periferias conta também com sessões em sala, no Auditório dos Olhos d’Água em Marvão, e com exibições online, a partir da plataforma Filmin e em colaboração com os restantes festivais da rede Ventana/Janela AAA. Os bilhetes (necessária reserva prévia) dão ainda acesso a um conjunto de atividades, como passeios pedestres, exposições, palestras, música e encontros com realizadores.
Periferias – Festival Internacional de Cinema de Marvão e Valencia de Alcántara > vários locais na fronteira entre Portugal e Espanha > T. 91 061 9479 > 13-20 ago > €6 (sessão), €35 (passe) > periferiasfestival.com