Seja para quem tem uns dias de férias ou apenas um fim de semana prolongado, não faltam propostas de exposições a não perder na cidade do Porto e em Matosinhos. Os jardins do Palácio de Cristal são um bom ponto de partida, ou não fosse ali mesmo, na Galeria Municipal do Porto, que pode ver uma exposição realizada a partir do acervo da Coleção António Cachola, exclusivamente constituída por obras de artistas portugueses, que começaram a expor a partir da década de 80. Com curadoria de João Laia, 10000 Anos Depois Entre Vénus e Marte é uma proposta especulativa que habita um território próximo do sonho.
Na mesma rua, a D. Manuel II, no Porto, encontra-se o Museu Nacional Soares dos Reis, onde, até março, pode ver José de Almada Negreiros: desenho em movimento. Além dos vidros usados na lanterna mágica, que são expostos pela primeira vez, há 90 obras para ver. São maioritariamente desenhos, mas também algumas pinturas ligadas à imagem em movimento, reproduções de grande escala de painéis na decoração de uma sala de cinema em Madrid. Com curadoria da historiadora de arte Mariana Pinto dos Santos, a exposição revela o fascínio de Almada pelo cinema animado.
Ainda na cidade do Porto, siga-se a direção de Serralves. Antes ou depois de um passeio, percorra lentamente as salas do museu. Até 7 de janeiro, a partir de uma ideia de Pedro Cabrita Reis, o Museu de Serralves acolhe cerca de 80 obras de Jorge Pinheiro, numa mostra com desenho de instalação criado por Eduardo Souto Moura, inserida no programa dedicado à obra de artistas relevantes do século XX. A exposição D’ Aprés Fibonacci e as Coisas lá Fora é um reencontro com um mestre que integrou, na década de 60, os Quatro Vintes, com Ângelo de Sousa, Armando Alves e José Rodrigues.
Do Museu de Serralves à Galeria da Biodiversidade, na Rua do Campo Alegre, é um passeio para fazer a pé. Sem pressas. Na galeria encontra-se a Photo Ark, de Joel Sartore, o fotógrafo da National Geographic que faz o retrato das espécies mais ameaçadas do planeta. Para ver até 20 de abril, no Porto, há 45 fotografias, infografias e vídeos que revelam de forma surpreendente o olhar, a atitude e a expressividade com que cada animal se vê ao espelho. Iniciado em 2006, o projeto tem por objetivo mostrar os animais que ainda é possível salvar nesta nova Arca de Noé.
É também com retratos, mas com o ser humano no papel principal, que percorremos The World of Steve McCurry, na Alfândega do Porto, até 31 de dezembro. Nesta retrospetiva com mais de 200 fotografias de grande formato, o fotógrafo americano, que fez o retrato de Sharbat Gula, a rapariga afegã de olhos verdes, que foi capa da National Geographic em 1984, reúne trabalhos realizados na Índia, no Afeganistão, em África e no Brasil.
No regresso ao centro da cidade do Porto, na Rua de Cedofeita, a dois passos da Praça Carlos Alberto, suba ao primeiro andar do número 27, pois aí encontra o Tincal Lab. É o espaço de trabalho da joalheira Ana Pina, que este ano desafiou 39 criadoras de 18 países para integrar a coletiva Joalharia e Música. Há notas e instrumentos, cordas e palhetas a tocar em colares e alfinetes, anéis, brincos e pulseiras que nos fazem dar a volta ao mundo.
Este roteiro não ficaria completo sem darmos um salto a Matosinhos, onde, em novembro, a Casa da Arquitetura abriu com duas exposições: Poder Arquitetura, a grande exposição da Nave Expositiva que, segundo o arquiteto Jorge Carvalho, um dos comissários, “pretende questionar a relação da arquitetura com o poder nos dias de hoje”. Oito poderes – coletivo, regulador, tecnológico, económico, doméstico, cultural, mediático e ritual – apresentam-nos uma “seleção transversal em termos de tendências arquitetónicas”. Na Galeria da Casa, há para ver a exposição da X BIAU – 10ª Bienal Iberoamericana de Arquitetura e Urbanismo, que apresenta os 26 projetos premiados (com Eduardo Souto de Moura à cabeça), seis livros, duas publicações e uma coleção de vídeos. Cá fora, no exterior, e acabadas de instalar, estão as seis esculturas de José Pedro Croft que vieram diretamente da Bienal de Veneza, em Itália, e ali ficam em permanência.