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Utopia/ Distopia – Mudança de Paradigma está agora na galeria principal do MAAT
Comecemos pela catarse. O ato de destruição terá acontecido na quarta-feira passada, dia 22. Numa performance, ao final da tarde, um grupo de 30 emigrantes procedeu à devastação de sete embarcações na Galeria Oval do reinaugurado MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, munido de machados, pés de cabra e marretas. Ficaram os bocados de madeira e as carapaças em ferro de barcos que já se chamaram Paraíso Encantado, ou Abutre, com a Cruz da Ordem de Cristo pintada por baixo, acompanhados do som, entretanto editado, do processo de destruição. Chama-se Ordem e Progresso, essa exposição, e reflete sobre a necessidade de se repensar a ideia de magnanimidade associada aos Descobrimentos, por um lado, e a questão premente dos refugiados, por outro. “Pela arquitetura, o espaço torna-se quase um anfiteatro romano”, conta o artista mexicano Héctor Zamora. “A maioria dos emigrantes são negros. É uma crítica à História, mas também uma homenagem a estas pessoas.”
Quanto ao pathos, há Utopia/ Distopia – Mudança de Paradigma, na galeria principal. À direita, vemos Maschinenmensch que figura no cartaz do filme de Fritz Lang Metropolis, a ocupar a altura toda de uma parede. Mais à frente, são projetadas em vídeo espirais tridimensionais a emergirem do oceano, com o título Invisible Cities, numa alusão ao livro de Italo Calvino. Já a virar à esquerda, está pendurado um quadro do francês Alain Bublex, que é composto por figuras geométricas em verdes, azuis, vermelhos e amarelos dos cartões de crédito; trata-se de uma cidade cujas manchas de cor são, na verdade, os logótipos de marcas de multinacionais. “Temos duas secções em confronto. Uma são as cidades ideais, que começa com o frontispício da edição de 1516 da Utopia, de Thomas More. A outra é as ruínas do Modernismo, em que se questiona a ideia de progresso, e que culmina na peça de Arata Isozaki a propor uma nova vanguarda para as ruínas de Hiroshima”, explica o diretor do MAAT, Pedro Gadanho. “De repente, sentimos que estamos numa época diferente, em que a distopia faz parte do discurso quotidiano, traduzida numa sensação permanente de crise.”
A exposição O Que Eu Sou inaugurou no edifício da Central Tejo. Foram selecionadas obras a partir da coleção de arte da Fundação EDP. “Em que momento é que o percurso biográfico do artista se cruza com o seu próprio percurso artístico? Procurámos contar uma história a partir daí”, diz a curadora do MAAT, Inês Grosso.
MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Central Tejo, Lisboa > T. 21 002 8130 > Utopia/ Distopia – Mudança de Paradigma > até 21 ago > O Que Eu Sou > até 29 mai > Ordem e Progresso > até 24 abr > qua-seg 12h-20 > €5, €9