É por entre jogos sofisticados, com diferentes figuras e suportes, sobreposições de tinta e transparências, que surgem as obras de Ana Manso (Lisboa, 1984). Yo-yo, a primeira exposição individual da artista num museu, apresenta-nos 14 pinturas abstratas e dois murais, pintados diretamente nas paredes da Galeria Contemporânea do Museu de Serralves, no Porto, onde a mostra pode ser vista até de 7 de maio.
Cada obra é composta por inúmeras e finas camadas de tinta de óleo, como se a artista estivesse continuamente à procura de alguma coisa. “É uma pintura abstrata, mas percebe-se que há uma preocupação com o todo, traduzida no movimento e em jogos sofisticados de transparências”, observa Ricardo Nicolau. “A Ana recolhe pormenores da arquitetura, de desenhos alheios, de imagens de livros e revistas, de coisas que, em princípio, nada tem a ver com as Belas Artes”, explica o curador.
A repetição de arabescos, as pinceladas ondulantes que lembram formas simples de desenhos do mar ou do vento, surgem na obra de Ana Manso como parcelas imaginárias de uma pintura maior. Ricardo Nicolau compara “esta relação da pintura com o quotidiano, com imagens oriundas de universos não artísticos, aliada à convivência de pinturas com intervenções no espaço”, com o tradicional vaivém característico do popular brinquedo, daí o nome dado à exposição: Yo-yo.
E, nesta exposição, pela primeira vez, Ana Manso mostra “objetos tão banais” como bancos de madeira pintados de vermelho que, não tendo grande funcionalidade, parecem “misteriosos e mudos”. “A arte também nos diz que não temos de perceber tudo”, remata o curador.
Yo-yo > Museu de Arte Contemporânea de Serralves > R. Dom João de Castro, 210, Porto > T. 22 615 6500 > até 7 mai, ter-sex 10h-18h, sáb-dom, fer 10h-19h > €10