É a um poema de Mallarmé, Um lance de dados jamais abolirá o acaso (1897), que o título da primeira edição da nova bienal de artes nacional vai buscar a inspiração, mas é à exploração da natureza do mundo, transitória e paradoxal, que procura responder. O desafio de Anozero’15: Um lance de dados é provar que, entre património e práticas artísticas contemporâneas, não há contradição nem mútua exclusão. Uma ideia nascida da recente classificação da Universidade de Coimbra como Património da Humanidade pela Unesco, que inspirou os quatro curadores, Carlos Antunes, Luís Quintais, Pedro Pousada e Luísa Santos, a organizarem uma programação que quer compreender o significado simbólico e efetivo desta nova realidade da cidade – e contribuir para a sua não estagnação. Uma ambição apoiada em cerca de 30 atividades, que incluem os ciclos de cinema A Palavra (dias 4, 11, 18 e 25) e As Escolhas de Julião Sarmento (12 e 13), as conversas O Estado da Arte (dias 7, 14 e 21 novembro), a conferência Fazer uma Bienal: o exemplo da Bienal de S. Paulo com o curador Agnaldo Farias, várias performances e mais de 20 exposições. Nestas, destacam-se, por exemplo, shadow pieces on Body frames, de Julião Sarmento, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, no núcleo Círculo Sereia; Encriptar, Revelar. Uma Gruta e uma Clareira, para a qual Alberto Carneiro criou uma obra articulada com uma peça de Francisco Tropa, no Museu Municipal de Coimbra; Transbarroco, filme de Adriana Varejão patente na Biblioteca Joanina; A Casa de Coimbra, escultura de Cabrita Reis criada a partir da destruição por motosserra da Sala da Cidade; The Pursuit of Happiness, instalação de Lawrence Weiner que sublinha o traçado modernista da Biblioteca da Universidade de Coimbra; ou, no Museu da Ciência, Sempre uma Coisa a Seguir à Outra, de André Cepeda, João Nora, José Maçãs de Carvalho, Miguel Palma e Matt Mullican.
CAPC – Círculo de Artes Plásticas de Coimbra > Sede, R. Castro Matoso, 18, Coimbra. E outros locais > T. 239 821670 > ter-sáb 14h-18h > 31 out-29 nov