Assumir a homossexualidade continua a ser um tema, quer na sociedade atual, quer no cinema. Mesmo que para isso seja necessário contar histórias passadas nos anos 1970, há quase cinco décadas. A Alan Ball, 63 anos, interessa-lhe fazer filmes sobre pessoas reais que falem sobre problemas reais. O argumentista de Beleza Americana (filme vencedor do Oscar de melhor argumento original) e das séries Sete Palmos de Terra e Sangue Fresco aposta, a maior parte das vezes, em personagens que se culpam pelas suas ações. Treze anos depois de se ter estreado na realização (Towelhead passou despercebido), nesta segunda longa-metragem, Alan Ball usa o guião como se de uma uma terapia se tratasse para superar traumas. À semelhança do protagonista, também Ball aos 33 anos viajou de Nova Iorque para a Geórgia para contar à mãe que era homossexual. Os pais já sabiam e a partir desse momento, e de uma anedota que lhe contaram, surgiu Tio Frank.
À semelhança do protagonista, também Alan Ball aos 33 anos viajou de Nova Iorque para a Geórgia para contar à mãe que era homossexual. Os pais já sabiam e de uma anedota que lhe contaram, surgiu o filme Tio Frank.
Neste filme (1h34, 2020) é pelo olhar da sobrinha Beth (Sophia Lillis de I Am Not Okay with This, Gretel & Hansel e It) que vamos conhecendo Frank (Paul Bettany de WandaVision e Vingadores). Os Bledsoe são uma família disfuncional e, em 1969, tudo tinha outra importância. Quando Beth faz 18 anos, entra na universidade, em Nova Iorque, e muda-se para perto do tio, lá professor.
Rapidamente vai descobrir um tio que já sabia ser diferente, só não tinha alcançado a essência da sua vida. Frank vive há uma década com Walid (Peter Macdissi), um engenheiro aeronáutico, fuma erva e não pode voltar a beber álcool. A relação entre sobrinha e tio faz-se de perguntas como: “O que significa ser homossexual?” ou “sempre soubestes que eras homossexual”?
É a viagem de regresso a casa na Carolina do Sul, para o funeral do patriarca da família, que, em jeito de road trip, vai servir para Frank repescar memórias da puberdade, dos tempos de descoberta sexual, que na hora da leitura do testamento do pai se transformam em traumas, preconceitos e medos. Mágoas recalcadas superadas por uma inesperada aceitação.
Tio Frank > Disponível na Amazon Prime Vídeo