O chilrear de pássaros é cortado por um silvo que atravessa o ar. Uma explosão, depois outra, e outra e mais outra ainda, e assim sucessivamente. Parece ficção, mas não é. As imagens que abrem o documentário The Cave relatam os ataques aéreos que, entre 2013 e 2018, devastaram dezenas de cidades em toda a Síria, transformando o país num verdadeiro campo de batalha. Em Al-Ghouta Oriental, nos arredores de Damasco, o mero ato de atravessar a rua transformou-se num desafio mortal para os 400 mil habitantes da região cercada pelo governo sírio e seus aliados. É neste cenário que a médica pediatra Amani Ballour gere um hospital subterrâneo, conhecido como “The Cave” (em português, a gruta). O conjunto de túneis, que se estende debaixo do chão, representa a esperança de sobrevivência para a maioria da população.
Ajudada por uma equipa de homens e mulheres empenhada em salvar as dezenas de feridos que chegam diariamente ao hospital, a médica luta contra bombardeamentos, ataques químicos, sexismo, falta de medicamentos e de comida. É um relato cru, em que o horror da guerra não é mostrado apenas através de imagens da tragédia, mas também de pequenos oásis de humanidade e amor, que permitem aos médicos suportar mais um dia de incertezas. Quanto tempo demora uma cidade a cair? Tanto quanto os seus alicerces humanos se mantiverem de pé. Em Al-Ghouta Oriental, a resistência faz-se pela determinação, pelo talento e pela entrega desta equipa de profissionais que opera, cura, trata e cuida em condições sub-humanas, pondo a própria vida em risco.
The Cave > Estreia 8 fev, sáb 22h30