Teresa vê a vida virada do avesso ao receber, em Lisboa, a notícia da morte do irmão. Paulo tinha 24 anos e trabalhava como ajudante numa empresa portuária de Vigo, em Espanha, mas a tese do seu possível suicídio não é consistente. Filha de mãe galega e pai português, Teresa muda-se para a Galiza à procura da verdade e consegue trabalho naquela empresa que, afinal, pertence ao seu padrinho. Dá-se assim início a uma investigação paralela, primeiro por conta própria, depois como infiltrada a pedido da polícia.
Em Auga Seca, série da autoria de Pepe Coira, em que se fala português, galego e “portunhol”, a protagonista Victoria Guerra foi buscar uma certa inspiração à personagem de Amy Adams em Sharp Objects – uma jornalista solitária, com uma investigação independente em mãos. Sem nunca ter falado galego na vida, a atriz de 30 anos sentiu na aprendizagem da língua a maior dificuldade. A ligação entre Portugal e Espanha faz-se através do contrabando de armas e da investigação policial conjunta. Não sendo uma série de ação pura e dura, a temática do tráfico de armas é, sem dúvida, uma opção interessante, depois de o tráfico de droga, por exemplo, ter sido tão bem explorado em Fariña, série também passada na Galiza.
Na ficção, uma coprodução permite valores diferentes, seja de tempo, de rigor e até de investimento. Há dois anos que a portuguesa SPi e a espanhola Portocabo andavam a preparar este projeto para chegar a um mercado global. Antes ainda de ser filmada, já Auga Seca, que teve a sua première no Festival de Cannes, tinha os seus direitos de transmissão comprados por um distribuidor – uma verdadeira vitória antecipada.
Auga Seca > RTP1 > Estreia 17 jan, sex 22h30