Para Ziauddin Yousafzai, a primeira mensagem que este documentário passa é a de que a coragem de uma rapariga e a sua resiliência podem desafiar as atrocidades humanas. Não com guerra ou com armas, mas com paixão e paz. O primeiro impulso de Davis Guggenheim, realizador de documentários, foi contar a história de um pai e de uma filha. Para o vencedor de um Oscar (Uma Verdade Inconveniente, lembra-se de Al Gore na luta contra o aquecimento global?), teria sido muito fácil fazer um filme sobre homens maus de barbas compridas e armas em riste, mas decidiu perceber porque é que Ziauddin escolheu o nome Malala. A palavra em si significa “valente” mas também “triste”. Quando questionada sobre se o seu pai escolheu esta vida para ela, Malala responde: “O meu pai só me deu o nome Malala, não me fez a Malala. Escolhi esta vida, não me foi imposta, e tenho de continuar.”
A mais jovem figura a receber o prémio Nobel da Paz, com 16 anos em 2014, nunca fala do que lhe aconteceu. Em outubro de 2012, no Vale Swat, no Paquistão, Malala foi baleada na cabeça depois de um grupo de talibans ter atacado o autocarro onde regressava da escola. Mas Malala não guarda rancor, nem mesmo quando está irritada. “O Islão ensina-nos valores de Humanidade, Igualdade e Perdão. Não importa se o lado esquerdo do meu rosto não funciona, se o meu olho não pisca bem, se não consigo sorrir ou se não ouço.” Aos 18 anos, Malala Yousafzai continua a lutar para que as raparigas, que estão privadas da Educação, possam simplesmente ir à escola. Malala não tem dúvidas: “Os livros são a nossa arma mais poderosa.” Para Davis Guggenheim, Malala escolheu arriscar e falar sobre as suas convicções. “Se no mundo existirem mais raparigas e rapazes, mais pais e mais mães que também se façam ouvir porque se inspiraram neste filme, isso será especial.”
No filme, do mesmo realizador de Uma Verdade Inconveniente, o pai de Malala chega a descrever o laço que o une à filha como sendo “uma alma em dois corpos”
Malala > National Geographic > estreia 6 mar, dom 18h