Das livrarias que o livreiro alemão Karl Buchholz abriu pelo mundo inteiro, na década de 40 do século passado, a única que persiste com o seu nome é a de Lisboa – e, aos 80 anos, apresenta-se totalmente renovada. Nesta, quinta, 28, celebra-se com uma festa aberta ao público, feita de conversas, encontros e histórias de outros tempos.
Lugar de cultura e de tertúlia artística, pela Buchholz, que funcionou como livraria e galeria de arte, mas também vendia discos, passaram nomes como Helena Almeida, Noronha da Costa, Eduardo Nery ou Cesariny. “Não há muitas livrarias com esta longevidade, fazia todo o sentido associar esta renovação e este regresso às origens à celebração dos 80 anos. Voltámos a ter livros, arte e discos”, diz Ana Rita Bessa, CEO do grupo editorial Leya, detentor da icónica livraria desde 2010.
Nesta quinta, 28, o programa de reabertura dá destaque aos 80 anos da Buchholz e à históriada Caminho e da Dom Quixote, em vários momentos de conversa e ainda apontamentos musicais, a partir das 18 horas
Aos clientes habituais não lhes escapam as mudanças. Todo o esqueleto da loja feito de madeira (chão, estantes, escadas) foi restaurado, a iluminação trocada e até há novos candeeiros nas montras. Mas a essência está lá: nos recantos com sofás que convidam à leitura; na oferta de livros, aumentada e ajustada a novos públicos, de música (numa curadoria da Flur) e de arte (numa parceria com a Icon Shop), tal como o projeto original de Karl Buchholz, em 1943.
“A vida da livraria está intrinsecamente relacionada com a vida cultural da cidade e o património já existia, só não estávamos a puxar por ele como merecia, agora vivificámo-lo e atualizámo-lo aos dias de hoje, mas mantendo a sua raiz”, continua Ana Rita Bessa.
Um bom exemplo são os objetos em exposição, relacionados com o processo de escrita e cedidos por vários autores que pontuam as estantes da livraria. “O nosso ex libris são os dois cadeirões de Snu Abecassis que chegaram à Leya quando adquirimos a Dom Quixote. Com eles, recriamos, sem grande pretensão, o ambiente do seu gabinete.”
Há outras peças e outras histórias que se contam aqui, como a da Caminho e a da Dom Quixote, duas editoras icónicas ligadas à vida literária do País. A tudo isto junta-se uma programação cultural regular, com conversas, lançamentos, clubes de leitura e outras atividades de promoção do pensamento, do livro e dos autores.
Livraria Buchholz > R. Duque de Palmela, 4, Lisboa > T. 21 356 3212 > seg-sex 10h-19h, sáb 10h-14h