Um, três, cinco, oito, dez… Os dedos das duas mãos não chegam para contar os pavões que habitam nos jardins do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, no Campo Grande. No extenso relvado, ladeado por um caminho de tílias, no pequeno bosque de eucaliptos e de sobreiros, ou no jardim de buxo, ornamentado com animais de cerâmica Bordallo Pinheiro, lá andam eles, entretidos, indiferentes à nossa passagem. Não foi por causa dos pavões que ali fomos, mas serão eles a fazer-nos companhia na esplanada do novo Quiosque Pimenta, junto ao lago. “São uns atrevidos”, atira Susana Marinho. Nada que atrapalhe a manhã de outono, com o sol a romper por entre os ramos dos ciprestes centenários. Susana deu com o concurso para a concessão do quiosque por acaso e, mesmo em plena pandemia, resolveu arriscar. Dizer que a sorte protege os audazes soa a lugar-comum, mas a verdade é que, quando ficou em primeiro lugar ex aequo com outro concorrente, foi a sua proposta que venceu no sorteio final.
Ao Museu de Lisboa – Palácio Pimenta faltava um lugar para tomar um café, ou se fazer uma refeição ligeira, e que funcionasse como apoio às diversas atividades que decorrem nos jardins, sobretudo no verão, durante o Festival Lisboa na Rua (concertos de jazz, música clássica, sessões de cinema ou magia). “Já tínhamos tido, em anos anteriores, umas carrinhas de street food, mas nada de permanente”, diz Joana Sousa Monteiro, diretora deste polo do Museu de Lisboa, em que se conta a evolução da cidade. Quando a câmara municipal colocou o quiosque no jardim, foi possível avançar com o concurso.
O Quiosque Pimenta abriu a 3 de setembro, com uma ementa pensada para as várias horas do dia. O pão de fermentação lenta, da padaria Terra Pão, dá mais sabor às sanduíches (césar, com frango, alface icebergue, queijo parmesão e maionese de lima; vegan, com tofu fumado, húmus e salada) e às tibornas. Há sempre sopa, um prato do dia (€5,50-€6), uma quiche com salada (€4,50), cachorros (salsicha alemã €3,50, veggie €4), uma salada (de salmão fumado, alcaparras, pickles e tzatziki, €5,50), empadas (€1,80) e húmus com crudités e tostas (€4). O café é de especialidade (100% arábica, cultivado nas maiores altitudes, colhido à mão, mais ácido no paladar), da Brava Coffee Roasters, e a kombucha serve-se com sumo bio de uva ou de maçã ou com chá do dia (€3).
Susana Marinho escolheu tudo a dedo (“queria um espaço agradável, com comida boa e a um preço acessível”) e consegue contar a história de cada um dos pratos e produtos que chegam à mesa. Como as empanadas caseiras (€2,50) da Estrela da Bica, onde trabalhou. Apesar da experiência, valeu-lhe uma rede de amigos, com negócios nesta área, que a ajudou, não se cansa de dizer, na ementa ou nas voltagens dos cabos de eletricidade que alimentam agora o forno. Para os dias mais frios, não faltam as mantas – e também os chapéus, quando do céu caírem uns pingos de chuva.
Uma janela para o Tejo
Noutra ponta da cidade, em Belém, também o MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia ganhou uma cafetaria. E já não era sem tempo, arriscamos escrever, afinal o lugar sempre ali esteve, desde que o museu foi inaugurado há cinco anos. Na rampa de acesso, sob a pala que avança sobre o Tejo, como se de uma onda se tratasse, a tirar partido da vista, o MAAT Café abriu na festa do 5º aniversário do museu (a 5 de outubro), com vontade de receber os seus visitantes, avança José Bartolomé Duarte, um dos sócios do grupo Mercantina, com três restaurantes em Lisboa (Alvalade, Chiado e Avenida da República), vencedor do concurso de concessão lançado pela EDP.
No MAAT Café, ao sábado e domingo, há brunch que dá direito a um bilhete grátis para o museu
O projeto de interiores, dos arquitetos Tiago Silva Dias e Teresa Beirão da Veiga, soube tirar proveito da localização: qualquer que seja a mesa que escolhermos, ficamos virados para o Tejo. Os tons (verdes e castanhos) e os materiais (sobretudo madeira) escolhidos tornam o lugar apetecível.
Durante a semana, há sempre sopa (€2,80), salgados (croquete €1,60, empada de galinha ou de vegetais €1,80, folhado de espinafre e ricota €1,90), alguma pastelaria, sanduíches (€2-€4,50), tostas abertas (€4,50-€5,80), wraps (€4,80-€5,20), saladas (€10,50-€13), sumos, cerveja e vinho a copo (€4-€5). Ao fim de semana, além da carta de cafetaria, entram os brunches. São três – base, mais completo e para crianças – e, independentemente da escolha, dão direito a um bilhete grátis para o museu.
Museu de Lisboa – Palácio Pimenta > Campo Grande 245, Lisboa > ter-dom 10h-18h > MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia > Av. Brasília, Lisboa > seg, qua-dom 11h-19h