São precisas muitas mãos para contar o número de atividades dedicadas às crianças, nesta que é a 89ª edição da Feira do Livro de Lisboa. Com início marcado para esta quarta, 29, durante os 19 dias que dura a iniciativa (até 16 de junho), estão programadas sessões de leitura, encontros com escritores, clubes de leitura, palestras, leituras encenadas, oficinas de artes plásticas, espetáculos de música e dança. “A leitura em casa, dos pais com as crianças, como levar as crianças a lerem e a entender o que leem, e como ajudar os pais nessa tarefa, são temas que vamos abordar ainda com mais afinco”, salienta João Alvim, presidente da APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. A exposição Leitura em Família, um percurso de 10 minutos que procura reproduzir as sensações que temos ao ler um bom livro, é uma das iniciativas, a não perder, no pavilhão da APEL.
Entre as atividades programadas, há algumas que se destacam. Está de volta o Acampar com Histórias, em que crianças dos 8 aos 10 anos têm oportunidade de dormir na Estufa Fria e explorar a Feira do Livro, prolongando a aventura (dias 31 maio, 1, 7, 8, 9, 12, 14 e 15 junho), assim como Histórias com Mimo, cinco sessões de leitura para famílias com crianças até aos cinco anos (dias 9, 10, 13, 15 e 16 junho). Para Bruno Pacheco, secretário-geral da APEL, o Dia da Criança, celebrado a 1 de junho, é de visita obrigatória para as famílias. “Vamos ter uma maratona de contos, entre as 11 e as 23 horas, uma parceria entre a BLX – Rede de Bibliotecas de Lisboa e a UNICEF, com histórias sobre os direitos das crianças, e, na área de showcooking, a chefe Cátia Goarmon vem à feira ensinar a fazer bolachas [11 horas]”.
Já Isabel Monteiro da BLX elenca as iniciativas ligadas à inclusão social: os espetáculos musicais da Banda Zero, da Casa de São Vicente (12 jun, qua 15h); o Grupo de Bombos 7ª Escala, composto por jovens de etnia cigana (29 mai, qua 14h); o CoLeGas, um coro lésbico, gay e simpatizantes da ILGA Portugal (10 jun, seg 18h30); a sessão de leitura em língua gestual Mãos Cheias Contos (8 jun, sáb 11h30) e a oficina Ver com as Mãos, em braille (13 jun, qui às 17h).
O Sensório Forbrain, dedicado às famílias e também ao público em geral, é uma novidade desta edição. Nesta zona, através de equipamentos de luz, som, cor e texturas, os visitantes são estimulados sensorialmente.
Uma feira maior e mais verde
Tornar a Feira do Livro de Lisboa mais verde e amiga do ambiente é uma vontade antiga e isso reflete-se, este ano, em algumas medidas. A mais importante é a distribuição de 60 mil sacos de papel reutilizáveis, numa parceria com a empresa The Navigator Company, úteis para levar livros e não só. A destacar ainda o parque de estacionamento para bicicletas, a utilização de utensílios biodegradáveis na zona da restauração – uma área com 42 opções, que vão das doces farturas à comida saudável – e a substituição dos mil metros de alcatifa, normamente utilizada, por um piso feito a partir de 180 pneus, com menos impacto ambiental.
Mas falemos de livros e editoras. Perto da entrada sul, junto à Praça Marquês de Pombal, do lado esquerdo, uma nova área acolhe, nesta edição, os Novos Participantes, com a presença confirmada de livrarias, editoras, museus e outras instituições, como a Ler Devagar, Fundação EDP/MAAT, Stolen Books, Museu Coleção Berardo, Ponto de Fuga, Grupo Narrativa, Alma dos Livros ou a Tigre de Papel. São 25 novos participantes, num total de 138, divididos por 328 pavilhões – mais 32 do que no ano passado. Estima-se que, na feira, estejam disponíveis cerca de 100 mil títulos, “uma oferta que se distingue, essencialmente, do que se está nas livrarias, pela existência de livros fundo de catálogo”, nota Bruno Pacheco, secretário-geral da APEL. A Hora H, que decorre de segunda a quinta, entre as 21 e as 22 horas, é também uma ótima oportunidade para adquirir livros (lançados há mais de 18 meses), com desconto mínimo de 50 por cento.
Outro destaque desta edição é o pavilhão da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que comemora os seus 10 anos com várias iniciativas, entre as quais, a exposição Pordata 100% Portugal que, em 10 módulos, e através de estatísticas oficiais, faz um retrato do País; uma série de programas de televisão e de rádio, a partir do Parque Eduardo VII; e os debates, com temas tão curiosos como O que seria de nós sem a cerveja? (15 jun, sáb 16h30), Quais são os seus símbolos, os nossos símbolos? (2 jun, dom 16h30) e A inteligência é artificial? (10 jun, seg 16h30).
A área total da feira cresceu em 2 mil metros quadrados, passando a ocupar zonas verdes do parque. A reordenação do espaço permitiu ter mais sombras, as casas de banho têm um acesso mais fácil, as caixas multibanco foram reposicionadas e o interior do auditório foi renovado. Também a acessibilidade de pessoas com mobilidade reduzida foi melhorada: numa parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, durante esta edição vão estar disponíveis vários equipamentos como cadeiras de rodas e andarilhos.
Em 2018, a Feira do Livro de Lisboa recebeu 492 mil visitantes, 70 mil eram crianças e dez por cento foram famílias.
89ª Feira do Livro Lisboa > Parque Eduardo VII, Lisboa > 29 mai-16 jun, seg e qui 12h30-22h, sex e véspera de feriado 12h30-24h, sáb 11h-24h, dom e feriados 11h-22h