Nas fotografias da época há um céu imenso e quase nenhum verde à volta do restaurante de luxo e salão de chá que ocupou o lugar de um botequim. Montes Claros no início dos anos 50 era, para começar, um miradouro – 360 estonteantes graus de vista para a cidade e o rio, bons para espreitar no passeio dos tristes de domingo por Monsanto.
Entretanto as milhares de árvores plantadas cresceram e agora é a arquitetura que mais ordena. Não a dos prédios que foram aparecendo lá ao fundo, mas aquela que hoje nos recebe como recebeu os convidados na soirée-dançante inaugural, ao som do quinteto Melody Stars, a 29 de dezembro de 1951. Nessa noite terão sido muitos os lisboetas a caminharem sob a pérgula que faz um semicírculo junto ao grande lago, uma das belas ideias do arquiteto Francisco Keil do Amaral, autor da ampliação do antigo pavilhão de chá (com Alberto José Pessoa e Hernâni Gandra).
Tantos anos depois, além da pérgula, do lago e dos peixes trespassados por lanças, ainda temos o mesmo edifício, quase igual por fora não fosse terem aberto umas grandes vidraças. Vénia aos senhores arquitetos que souberam ser a um tempo modernos e intemporais.
Uma pérgula como poucas
Crónica Por Lisboa
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