O Porto foi eleito, pela terceira vez, como o melhor destino da Europa, ficando à frente de cidades como Atenas, Amesterdão, Paris, Londres ou Barcelona. O concurso, que bateu um recorde com 138 mil votos, foi promovido pelo site da European Best Destination, sediado em Bruxelas, e o resultado conheceu-se esta sexta, 10. A seguir à cidade portuguesa, ficou, Milão, em Itália, em segundo lugar, e Gdansk, na Polónia, em terceiro.
Não faltam, na verdade, razões à cidade do Porto para esta distinção. A começar pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves, inaugurado a 6 de junho de 1999, uma das obras fundamentais do arquiteto Álvaro Siza Vieira. É o mais importante museu português de arte contemporânea, com 14 salas de exposições distribuídas por três pisos e rotas de fuga para os jardins. O Museu dialoga com o Parque e a Casa de Serralves, que é, desde outubro, a nova casa da coleção de Joan Miró. Até meados de janeiro, esta exposição já tinha sido vista por 95 mil pessoas. Em 2016, aliás, Serralves recebeu mais 30% de visitantes em relação ao ano anterior: mais de 682 mil pessoas (25% estrangeiros).
Junto à rotunda da Boavista, outra obra arquitetónica e cultural da cidade: a Casa da Música. O edifício, desenhado pelo holandês Rem Koolhaas, abriu há 12 anos, e muito tem contribuído para afirmar o Porto. Em 2017, a programação é dedicada ao Ano Britânico com uma vasta programação vinda diretamente de terras de Sua Majestade.
O Centro Histórico do Porto, que assinalou, no final de 2016, 20 anos de elevação a Património Mundial da UNESCO, leva-nos da antiga muralha fernandina (século XIV) à Avenida dos Aliados e quarteirões envolventes, percorrendo monumentos históricos como os 240 degraus da Torre dos Clérigos, de Nicolau Nasoni, a centenária Estação de S. Bento, a Sé do Porto, o Palácio da Bolsa, atravessando a Ponte Luís I até à zona ribeirinha das caves de Gaia e mosteiro da Serra do Pilar, em Gaia. Visitar a Livraria Lello, que acaba de fazer 111 anos, será outro ponto deste roteiro, assim como, noutra zona da cidade, a arquitetura do Estádio do Dragão e o seu Museu.
Visitar o Porto é também sentar-se à mesa dos cafés históricos Majestic, Guarany e Progresso. E provar a sua comida. Da típica e genuína francesinha, aos cachorrinhos do Gazela, passando pelas Bifanas da Conga, pelas línguas-de-gato da Arcádia, pelos éclaires da Leitaria da Quinta do Paço ou, até, pelas empadas de vitela da Padaria Ribeiro, como pode recordar neste trabalho. Mas também pelos restaurantes de cozinha de autor, com Estrela Michelin, como o Pedro Lemos, na Foz Velha, o Antiqvvm na Quinta da Macieirinha, o Boa Nova, em Matosinhos, ou o The Yeatman, em Vila Nova de Gaia.
O vinho do Porto e as suas caves, em Vila Nova de Gaia, onde repousam as barricas com o vinho produzido no Alto Douro Vinhateiro, são, cada vez mais, um fator turístico, e que tem motivado a abertura de novos lugares dedicados ao vinho como a Vindega, inaugurada recentemente na Foz do Douro e que é bar, bistrô e garrafeira.
O Porto é, das poucas cidades europeias, que se pode orgulhar de ter o rio a abraçar o Atlântico, do Douro Faina Fluvial, de Manoel de Oliveira ao Mar, de Sophia de Mello Breyner. E é este longo abraço que pode ser percorrido, sentado nos velhinhos elétricos da linha 1 que ligam o centro histórico ao Passeio Alegre, passando pelo Museu do Carro Elétrico, edifício com mais de 100 anos, que guarda um espólio antigo desde que o transporte público era feito com tração animal.
A cidade, e também Matosinhos, separada por meia dúzia de quilómetros, tem sido cada vez mais visitada pela arquitetura contemporânea com cunho português. Pelas obras dos Pritzker, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura – das estações de metro à Casa das Artes, Casa de Chá da Boa Nova, Piscina das Marés, Museu de Serralves, entre outros – ao Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, obra do arquiteto Luís Pedro Silva que, esta semana, ganhou o título de melhor edifício público 2017.
Por tudo isto, e pelo que muito aqui faltará, parabéns Porto!