Em 1956, o primeiro percurso realizado pela The Tall Ships Races ligou Torbay, no Reino Unido, a Lisboa. Depois disso, Portugal já recebeu esta regata de grandes veleiros em 1982, 1992, 1994, 1998, 2006 e 2012. Agora, em 2016, no ano em que se assinala o 60º aniversário do evento, a The Tall Ships Races está de regresso a Lisboa. A regata começou na Bélgica, nas margens do rio Escalda em Antuérpia, a 7 de julho, e por cá faz-se a segunda etapa. De Portugal, a frota há de partir rumo a Cádiz, no sul de Espanha, e por fim, os veleiros zarpam até La Coruña, onde terminará a corrida, a 14 de agosto.
Por estes dias, é no cais do Terminal de Cruzeiros de Lisboa, em Santa Apolónia, com a extensão de cerca de um quilómetro e meio, que vão estar atracados, entre esta sexta-feira, 22, e segunda 25, os 60 veleiros participantes nesta edição da The Tall Ships Races. Nesta regata de grandes veleiros, a maior curiosidade nem está no tamanho das embarcações, mas sim no facto de serem tripulados por milhares de jovens, com a ajuda de profissionais, que, ao partirem nesta aventura, ganham memórias mas também o gosto pelo mar, pela navegação à vela e pelo trabalho de equipa sem o qual dentro destes barcos não se chega a bom porto.
Um Tall Ship é um navio monocasco de comprimento de linha de água superior a 9,14 metros (alguns têm mais de 100). Existem quatro categorias, dependendo do comprimento total, comprimento de linha de água e do equipamento de vela. Este ano, os 60 veleiros participantes trazem cinco mil tripulantes, de várias nacionalidades, incluindo os portugueses da Caravela Vera Cruz. Propriedade da Aporvela – Associação Portuguesa de Treino de Vela, a embarcação foi construída em 2000 no estaleiro naval de Vila do Conde, no âmbito dos 500 anos do Descobrimento do Brasil e é uma réplica exata das antigas caravelas portuguesas.
Há cerca de um mês, a Visão Se7e embarcou num passeio na Vera Cruz, e embora a manhã tenha sido de pouco vento, tivemos a oportunidade de ajudar a içar uma das duas velas, de nos sentarmos à mesa onde todos os dias os tripulantes tomam as refeições (preparadas numa cozinha pequena) ou de espreitar os nichos de beliches onde dormem.
A esta “relíquia” portuguesa, juntam-se outras como o Navio-Escola Sagres que, ao serviço da Marinha Portuguesa, tem formado cadetes da Escola Naval e o Creoula e Santa Maria Manuela, dois antigos bacalhoeiros que foram construídos no estaleiro da CUF, em Lisboa, em 1937, no tempo recorde de 62 dias. Atracados no Terminal de Cruzeiros, vão ainda estar outros veleiros emblemáticos como o navio-escola russo MIR, com 109,20 metros de comprimento, 28 velas e três mastros (o central mede mais de 52 metros), o Jolie Brise, que em 1945 foi comprado e recuperado pelo português Luís Guimarães Lobato e agora é propriedade da Escola de Dauntsey, e ainda o Lord Nelson, um veleiro de características únicas, especialmente desenhado para acolher na tripulação pessoas portadoras de deficiências motoras.
Durante os quatro dias que dura a passagem da The Tall Ships Races por Lisboa, os visitantes vão poder circular pelo recinto (a entrada é gratuita), conviver com a tripulação e ainda visitar alguns dos veleiros. Da programação destacam-se iniciativas como o desfile das tripulações, no sábado, 23, entre as 16 e as 18 horas, o fogo-de-artifício no domingo, 24, às 22 horas, e o desfile náutico no rio Tejo, na segunda-feira, 25, a partir das 15 horas. Ao longo do dia, decorrem atividades desportivas e recreativas, e, do princípio da noite até ao fecho do recinto, há música ao vivo e djs.
The Tall Ships Races > Terminal de Cruzeiros de Lisboa, Av. Infante Santo, Lisboa > 22-25 jul, sex-dom 10h-1h, seg 10h-18h
Os números da The Tall Ships Races
1 regata
1,5 km de cais no Terminal
4 cidades (Antuérpia, Lisboa, Cádiz, Corunha)
60 veleiros
1 955 milhas náuticas
5 000 tripulantes de várias nacionalidades