À sua longa história, encanto e vistas panorâmicas juntam-se agora serviços de apoio ao visitante como cafetarias, loja, bilheteiras interiores, centro de interpretação e benfeitorias ao nível dos caminhos e mobilidade. Damos-lhe a conhecer o projeto de requalificação global, desenvolvido pela Parques de Sintra, justamente designado de À Conquista do Castelo.
Pelo caminho fora
Explorar o Castelo, em toda a sua dimensão, implica sempre caminhar. E como tal, a recuperação dos acessos, quer interiores como os caminhos de ronda quer exteriores como os trilhos pedestres, revelaram-se uma parte importante deste projeto. A intervenção incidiu na recuperação dos caminhos já existentes e na adaptação de alguns troços (seguindo as mesmas características, por exemplo, foi utilizado o mesmo tipo de pedra, o granito amarelo irregular) de forma a melhorar substancialmente a marcha dos visitantes, principalmente daqueles que se apresentem com carrinhos de bebé ou com mobilidade reduzida. Minimizaram-se desníveis, eliminaram-se alguns degraus, colocaram–se rampas e meios elétricos que ajudam a transpor algumas barreiras. Aliás os Parques de Sintra vão passar a disponibilizar cadeiras elétricas para ajudar as pessoas que necessitem delas. As melhorias são visíveis e a partir de agora será mais fácil «invadir» a dupla cintura de muralhas e chegar ao coração da fortificação.
Há obras visíveis
Desde o início da intervenção, em 2011, o Castelo esteve sempre de portas abertas ao público. Esta é uma característica comum a outros espaços já intervencionados e da tutela da Parques de Sintra. A entidade consegue, de uma forma exemplar, levar a cabo as obras de restauro e requalificação, sempre com as operações à vista e com a possibilidade de os visitantes presenciarem de muito perto os trabalhos em curso. Nem sempre é fácil contornar questões como as de segurança dos visitantes ou de logística. Neste caso, foi encontrada, por exemplo, uma solução engenhosa para transportar lixo, máquinas e materiais até ao interior do Castelo uma grua em versão teleférico, ainda visível in loco e que provoca o mínimo de transtorno ao visitante. A obra tem final marcado para maio.
Para uma primeira pausa
Até agora, quem se aventurasse numa visita ao Castelo dos Mouros teria que se abastecer extramuros de algum snack ou bebida, de forma a matar a fome ou a sede. Uma das novidades deste projeto é a inclusão de espaços onde se possa fazer uma pausa e, ao mesmo tempo, comer alguma coisa. A Casa do Guarda (assim designada por ter albergado noutros tempos os guardas florestais), um bonito edifício em pedra, localizado sobre uma das portas de entrada, é um desses espaços. Foi restaurado e transformado em cafetaria, com sanitários e uma belíssima esplanada, com vista privilegiada sobre a paisagem verdejante. Antes de seguir caminho pare por aqui…
Melhorar os conhecimentos
Um centro de interpretação revela-se, quase sempre, uma peça fundamental para um melhor conhecimento do monumento que se visita. No caso deste projeto, esse ponto não foi esquecido, e sai até enriquecido dada a origem do “edifício” que o vai acolher: as ruínas da Igreja românica de S. Pedro de Canaferrim. Agora em fase de restauro (à vista de todos), incluindo os vestígios de frescos aí presentes, o que resta deste antigo lugar de culto, converter-se-á num espaço privilegiado de descoberta da história do Castelo, através de painéis explicativos e multimédia, vitrinas e objetos diversos, incluindo alguns dos achados do projeto de arqueologia.
Noutros tempos era assim
Através das investigações e descobertas arqueológicas realizadas nas diversas campanhas desde 2009, é agora mais fácil compreender a história desta fortificação e de como aqui se vivia. Os campos de investigação arqueológica, conduzidos pela arqueóloga Maria João Sousa, exploraram essencialmente duas áreas: a necrópole localizada entre a Igreja de S. Pedro de Canaferrim e a muralha nascente, e o interior do Castelo, nas antigas cavalariças. No primeiro local, haverá um percurso visitável onde será possível observar as sepulturas de rito cristão aqui encontradas, alicerces de habitações muçulmanas, fornos e silos escavados na rocha. No meio das escavações apareceram ainda artefactos como um vaso cerâmico, inteiro (caso raro), identificado como sendo do período do Neolítico, e típico das olarias do 5.º milénio A.C..
Uma nova casa
A estrutura do novo edifício, implantado dentro da muralha interior, salta à vista dos visitantes, mas por uma boa razão. As linhas modernas, perfeitamente enquadradas no espaço, na vegetação e na paisagem, são fruto de um projeto integrado que não descurou nenhum fator, dos materiais à volumetria, da disposição das várias áreas aos serviços prestados. A madeira de acácia (proveniente de árvores dos parque de Sintra) foi o material escolhido. Confere-lhe uma cor extraordinária e um aspeto bastante rústico mas original ao mesmo tempo. Foi utilizada para forrar o edifício e também na execução de parte da estrutura.
A construção, dividida em várias áreas, compreende uma loja e bilheteira, um pequeno balcão-bar, esplanada, cafetaria, sanitários e um labirinto de caminhos para explorar, com pequeno pontos de paragem com “vista de miradouro”.
Esta melhoria nas condições do monumento é tão ou mais significativa se tivermos em conta que, até agora, este não tinha água potável, esgotos ou eletricidade da rede (era fornecida por gerador). Todas estas infraestruturas foram alvo de grandes benefícios.
Ainda no piso térreo, será possível observar numa das cavalariças (alvo de intervenção arqueológica), os vestígios arqueológicos aqui descobertos. A cisterna do Castelo, de grande dimensão, será também alvo de requalificação. Proceder-se-á à construção de um passadiço que permita a sua observação desde o interior. Toda esta área é para fruir, sem pressas, antes de chegar, à Praça de Armas – a última parte a ser intervencionada e para onde estão programadas algumas iniciativas, como concertos ao ar livre, feiras mouriscas e outros eventos culturais -, à Torre Real, Alcáçova ou à muralha, de onde é possível ter uma vista panorâmica sobre Sintra, com os Palácios da Pena, Monserrate, Seteais, Paço Real e Quinta da Regaleira à espreita, e o mar ao fundo…
Castelo dos Mouros > Estr. da Pena, Sintra > T. 21 923 7300 > 9h30-20h