1.O Bolo de Maçã, de Dawn Casey e Genevieve Godbout
Uma ideia simples mas encantadora, a deste livro pintado com as cores de outono. Uma menina ruiva e o seu cão malhado andam pelo bosque e pela quinta, colhendo ingredientes e agradecendo por tudo o que é necessário para fazer um bolo de maçã (com receita incluída nas páginas finais). E que, afinal, é mais do que apenas fruta e açúcar: “Obrigada à chuva e ao sol dourado”, “obrigada à terra e aos seus rebentos”, “obrigada, família, obrigada, amigos”, vai somando este “hino à gratidão” e à partilha ecológica, que nos faz reparar em tudo o que nos rodeia. Fábula > 32 págs.> €13,29
2. Anne Frank – A Menina que o Mundo Ouviu, de Linda Elovitz Marshall e Aura Lewis
Controvérsia face ao confinamento? Ler este clássico recorda o que é a verdadeira privação de liberdade. A história da menina judia que, escondida num sótão, regista num diário o quotidiano da Holanda ocupada pelos nazis é aqui bem recontada. Bebé chorosa, criança que fazia rir os outros, a opinativa Anne, 13 anos, quer ser ouvida. Entre mapas que contextualizam a História, vemos a sua figura de cabelo asa de corvo em ilustrações minimais que revelam o seu isolamento… e vontade de ser feliz. Editorial Presença > 48 págs. > €12,90
3. Discórdia, de Nani Brunini
É o mais recente título da coleção de livros “silenciosos” Imagens que Contam, da editora Pato Lógico, fundada pelo ilustrador André Letria. São, no fundo, volumes sem texto nem palavras, mas cheios de possibilidades narrativas. Apostam no traço e na cor – e, sobretudo, na imaginação dos leitores. Aqui, em Discórdia, a estreia da autora brasileira Nani Brunini, atualmente a viver em Portugal, o ponto de partida são as divergências esgrimidas nas redes sociais, a escalada de opiniões que, não raras vezes, um pouco por todo o mundo, apenas nos conduz à polarização, à intolerância – e a esta espécie de surdez em que insistimos (sobre)viver. Palavras para quê, certo? Para onde vai este mundo preocupado em dar relevância a quem grita mais alto? Um livro com final em aberto, embora não tão pessimista quanto possa parecer. E uma reflexão urgente para todas as idades, claro está. S.B.L. Pato Lógico > 40 págs. > €13,50
4. Ser Pequeno na Cidade, de Sydney Smith
As primeiras imagens parecem fotogramas: um rapazinho vê a cidade pela janela do autocarro. Percorrendoas ruas caóticas com táxis, sirenes, barulhos de obras, ele sabe como é ser pequeno na metrópole. E oferece conselhos: certos becos e cães ferozes são de evitar, a nogueira é um bom esconderijo, os peixeiros são simpáticos, há um banco no parque onde se senta mão amiga… Quando afixa um cartaz sobre um gato perdido, o livro revela, finalmente, as suas várias camadas de leitura: um maravilhoso conto sobre a perda e o aprender a enfrentar o mundo. Fábula > 48 págs. > €14,99
5. O Que Veem As Estrelas, de Nuno Camarneiro e Helder Teixeira Peleja
Decifrar o planeta como se este fosse um livro imenso, perceber que existem vários pontos de vista, praticar a curiosidade? Eis o que acontece quando uma menina chamada Rita, o seu fiel cão Bernardino e o cientista Alfredo se encontram num jardim e começam a fazer perguntas – um belo ponto de partida. O que veem as tais estrelas lá no alto. E os sapatos e as formigas, rentes ao chão? E as sardinhas, o que observam além de barcos com homens dentro? E quando se olha para dentro de um corpo, como se é visto? Minotauro > 32 págs. > €12,90
6. A Viúva e o Papagaio, de Virginia Woolf
Reencontro com uma história divertida, escrita em 1923 pela lunar Virginia para os sobrinhos de 13 e de 15 anos, aqui ilustrada por David Pintor e prefaciada por Carla Maia de Almeida. A autora de Orlando fez um raro desvio aos sofisticados romances para criar uma fábula sobre ironias e generosidades com os animais. A sra. Gage, idosa coxa, pobre e bastante pitosga, vive na companhia do cão Shag. Uma herança fá-la empreender uma viagem acidentada, com azares, quedas, incêndios, e muitos volte-faces, com um papagaio chamado James a ter um papel determinante. Fábula > 56 págs. > €10,99
7. Tudo tão Grande – Canção Cada Vez Maior, de Isabel Minhós Martins e Bernardo P. Carvalho
Objeto visual poderoso, tem ilustrações que aspiram a ser pintura: as paisagens diluem-se em formas abstratas expressivas, a vibração das cores inunda as páginas, há fluidez nesta celebração da Natureza… Tudo canta aqui, um bocadinho à maneira de Walt Whitman.
Os autores criaram um livro sobre o crescimento das crianças que reflete a grandiosidade e o ciclo da Natureza e que usa o ritmo poético da palavra: “Tudo corre/ Tudo avança/ Tudo dança/ Eu danço também.” Planeta Tangerina > 32 págs. > €12,50
8. O Destino de Fausto, de Oliver Jeffers
O autor batizou de fábula ilustrada este volume com muito espaço branco em torno dos desenhos naïfs, criados com recurso a técnicas artesanais – escolha formal que reforça a sua mensagem cristalina e ambiental. A inspiração, contou Oliver Jeffers, chegou-lhe quando ele estava a contemplar o mar da Irlanda, tendo como pano de fundo uma cadeia de montanhas majestosas onde pastavam ovelhas e brotavam flores, e uma tempestade desabou, fazendo-o pensar na insignificância dos humanos face aos elementos do planeta. Habituado a criar histórias em que o humor e a causa dos afetos andam de mãos dadas, desta vez quis ir mais longe. Parábola sobre as (grandes) ilusões do Homem sobre o seu (pequenino e passageiro) lugar na Natureza, o livro apresenta-nos Fausto, divertida metáfora dos tiranos atuais. Nariz empinado, bigode farfalhudo, sempre pronto a bater o pé e a erguer o punho para impor a sua vontade, Fausto acredita ser dono de tudo: da flor, da árvore, da montanha. Mas isso não lhe é suficiente, e ele resolve declarar-se dono do imenso mar, mas o mar discordará… Orfeu Negro > 96 págs. > €17,50
9. Os Meninos do Caminho de Ferro, de E. Nesbit
A tradição literária britânica das aventuras protagonizadas por crianças, em crises ou em mundos de fantasia, produz livros que sobrevivem a gerações sucessivas, como este clássico: três irmãos são deslocados da cidade para o campo, devido à prisão do pai, acusado de espionagem. A mãe poetisa resguarda-os numa cabana, longe dos antigos confortos. Mas Roberta (Bobbie), Peter e Phyllis vão viver grandes mistérios, incluindo o salvamento de um comboio cheio de passageiros ou a redenção de um exilado russo… Minotauro > 218 págs. > €12,90
10. À Descoberta do Universo, de Stephen e Lucy Hawking
Até para os mais resistentes à Ciência, a simples menção de cenários dignos da Marvel pode despertar a curiosidade ou, no mínimo, o colecionismo de uns cromos avulsos. Por exemplo, como seria se os robôs controlassem o mundo… Uma enciclopédia de factos, filtrada por uma mente brilhante como a de Hawking pai, apoiado pela acessibilidade da Hawking filha, é aqui reunida: da Inteligência Artificial às alterações climáticas ou teorias da conspiração, há material para entreter vários confinamentos. Editorial Presença > 432 págs. > €18,90
