Luigi Rossi (1597-1653) é um nome que não ocorre instantaneamente quando pensamos na música barroca da primeira metade do século XVII. Embora tenha sido um compositor conhecido no seu tempo, trabalhando para famílias importantes em Itália e, mais tarde, para Luís XIV em França – para o cardeal Mazarino, dado que o rei era uma criança –, com o tempo caiu no esquecimento.
O encontro com ele ocorre muitas vezes quase por acidente, no meio de um recital de algum grupo conhecido no qual constam duas ou três peças de Rossi. A beleza da música deixa vontade de saber mais. Uma linha melódica rica e luminosa, com partes que podem ir desde o recitativo até à ária lânguida (com frequência, variações vocais sobre poemas estróficos, o que torna a música ainda mais fácil de assimilar) e passagens de ágil virtuosismo, sobre uma harmonia colorida e subtil, servem textos que falam do amor como uma coisa pouco pacífica, em que a mulher geralmente domina.
Fundado em 2000, o grupo Arpeggiata (liderado por Christina Pluhar) trata a música de compositores do barroco com um elevado grau de liberdade – o que não significa irresponsabilidade, obviamente. Dado que muitas das obras de Rossi nos chegaram sem referência a instrumentos, o espaço de criação para os intérpretes é especialmente amplo, sempre respeitando a melodia principal. A combinação de violinos e violas da gamba com instrumentos como a harpa tripla, a guitarra barroca, o psaltério e o theorbo, aos quais se acrescenta aqui um cornetto de grande doçura, e, claro, a percussão, produz um tecido sonoro que, não raro, faz pensar nalgum paraíso musical.
Estes três CD reúnem gravações de 2005 e 2019. As peças são quase todas extraídas de cantatas de câmara e 21 delas são estreias mundiais. Os solistas incluem estrelas como Véronique Gens, Philippe Jaroussky e Jakub Jozef Orlinski.