Foi um dos momentos memoráveis da edição deste ano do Primavera Sound, o concerto dos Idles. Eles regressam agora com o segundo álbum de originais, Joy as an Act of Resistence, que foi então apresentado em primeira mão aos sortudos presentes no Parque da Cidade, no Porto. Este é um título que resume na perfeição a música do quinteto de Bristol que, com um único álbum, Brutalism (2017), conseguiu fazer renascer das cinzas o punk britânico, reinventando-o e tornando-o novamente vital – tanto no plano musical como no gesto político.
Não é surpreendente que, de imediato, tenham sido brindados com epítetos “modestos” como “melhor banda punk britânica” (como se houvesse outra…) ou, mais simplesmente, “a banda do momento”. Porém, estas fórmulas são insuficientes para resumir a música destes rapazes, assim como é insuficiente classificá-la apenas com o rótulo de punk rock. Herdeiros de uma linha comum a bandas tão diversas como os norte-americanos Pixies e Black Flag, ou os compatriotas Gang of Four, os Idles têm o talento de transformar a crueza do punk e do hardcore em arte, e de a cruzar com muitos outros ingredientes.
Um feito que é igualmente demonstrado neste novo trabalho: um disco “despido até à pele”, de modo a “encorajar a vulnerabilidade”, defende a banda. Como se fosse “um sorriso despido de preconceitos num mundo de merda”, criado para “celebrar a diferença”. Os seus alvos estão, aliás, bem identificados: o machismo, o nacionalismo, as políticas anti-imigração e todo o tipo de desigualdades sociais. Tudo isto cantado e tocado a uma velocidade estonteante, que desperta a vontade de cantar e dançar sem parar.
Joy as an Act of Resistence antecede a oportunidade que o público português vai ter de ver os Idles atuar em dois concertos, a 26 de novembro no Hard Club, no Porto, e a 27 no Lisboa ao Vivo, na capital