Pertence àquela prateleira indefinida onde convivem narrativas elaboradas e fábulas em que tanto adultos como crianças encontram um território seu. É de desbravar novos mundos que trata O Gato, o Ankou e o Maori (Elsinore, 128 págs., €16,59), ilustrado pelo traço nervoso de Marie Belorgey. Jules Joseph Chamsou, gatão bem instalado na creperia dos donos, resolve testar o mito de que se todos os lugares são iguais e não vale a pena sair de casa (ou viver plenamente). O gato tabby lança-se numa aventura iniciática pela Bretanha, à maneira de Ulisses, enfrentando perigos e criaturas do folclore local (com panache, humor e desprendimento felinos). Provas difíceis estão à sua espreita: a falta das usuais refeições de galettes, encontros com ogres, korrigans (espécie de fadas), o cão negro da desgraça, Ki Du, e até com Ankou − ou seja, a morte. Uma encantadora fábula moral.
A aventura (de auto-ajuda literária) de um gato
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O Gato, o Ankou e o Maori, fábula contemporânea de Michel Rio, serve bem os seus leitores - grandes e pequenos