Não basta ter um dicionário de rimas à mão (ou o site certo) para se conseguir escrever bem, poemas ou canções, utilizando esse recurso estilístico. É até muito fácil a coisa dar para o torto… Mas se há alguém que não tem medo das rimas na cena da atual música popular portuguesa, o seu nome é José Rebola, compositor, letrista, voz e alma dos Anaquim. Hoje, associa-se muito a palavra “rima” ao fraseado do hip-hop, mas estas cançõezinhas clássicas, muitas vezes com um perfume dixieland ajudado pelo som do banjo e do ukelele, não lhe ficam atrás tanto nas referências muito concretas ao nosso quotidiano como no bom balanço fonético da língua portuguesa.
Este é o terceiro disco dos Anaquim (que, ao primeiro, em 2010, tornaram popular a canção As Vidas dos Outros) e, sem qualquer quebra com os anteriores, apura o talento do músico para dizer tudo o que quer em forma de canção. É um lugar comum a ideia de que a língua portuguesa (sem sotaque do Brasil) não é especialmente plástica para a música popular, mas não há dúvida de que José Rebola descobriu como dar a volta a todas as dificuldades que encontrou. Jorge Palma, certamente um dos seus mestres na matéria, está aqui presente, em dueto, no tema Apontar É Feio (assim como Luísa Sobral que canta em Há Sempre Qualquer Coisa). E do que nos querem falar os Anaquim? Das nossas vidas, claro, amores e desamores, mas também de Portugal e suas circunstâncias: “À conta de negócios menos claros estão a vender o sítio onde vivi/ Por escolha de alguns amigos caros/ Adeus, caros amigos, mas eu fico que ainda sou preciso aqui”, ouve-se em Caros Amigos.
A apresentação ao vivo das novas canções dos Anaquim acontecerá em Lisboa, Porto e Coimbra, respetivamente, nos dias 7, 8 e 15 de abril
Veja o vídeo de Sou Imune ao teu Charme