Falar de Carlos Martins é um pouco como regressar a uma boa parte da história do jazz nacional das últimas três décadas. Saxofonista, compositor e professor de música, foi fundador de coletivos importantes como o quinteto de Maria João ou do Sexteto de Jazz de Lisboa, além de ter trabalhado com algumas figuras maiores do panorama internacional. Entre elas, a baterista norte-americana Cindy Blackman, que com Bernardo Sassetti e Carlos Barretto participou nas gravações de Passagem, o álbum de 1995 que então o confirmou como uma das figuras emergentes do novo jazz europeu. Longe vão os tempos em que começou por estudar música e clarinete na Banda Filarmónica de Grândola, no seu Alentejo natal, cujas memórias recupera agora no novo disco, um dos seus trabalhos mais pessoais, e que por isso tem apenas como título o seu próprio nome. Nele, o também diretor artístico da Associação Sons da Lusofonia volta a vaguear por esse imenso sul, desde sempre uma das suas principais fontes de inspiração, ao longo de onze novos temas que são também uma celebração do mundo onde se move e se sente bem. Histórias e momentos contados por Carlos Martins de uma forma quase cinemática, recuperando para o universo do jazz o seu também muito profícuo trabalho para cinema e dança, numa sucessão de ambientes sonoros que transporta o ouvinte numa viagem musical pela luz e cultura do sul da Europa. Mais uma vez, também neste disco surge acompanhado por alguns dos melhores, músicos e amigos: Alexandre Frazão (bateria), Carlos Barretto (contrabaixo) e Mário Delgado (guitarra), com quem desenha este mapa emocional de um sul muito especial – o sul de Carlos Martins.
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