Quando a história Os Avós São as Pessoas Preferidas dos Pássaros, escrito por Raquel Patriarca, chegar às livrarias, em dezembro, os desenhos de Sérgio Condeço que a acompanham já terão passado pelos nossos olhos.
Vê-lo trabalhar nas suas ilustrações é uma das singularidades da loja-atelier Cebola, no bairro de São Miguel, um lugar para a arte, feito em parceria com o marido, Marco Gonçalves, onde se vende ilustração, fotografia, livros infantojuvenis e pintura de vários artistas. “Sempre trabalhei em ateliers fechados e tinha vontade de ter um espaço com porta para a rua”, diz-nos Sérgio, de lápis na mão e avental. O primeiro livro, fê-lo há cerca de oito anos; agora são 15 edições (incluindo O Som das Coisas Leves Quando Caem, inscrito no Plano Nacional de Leitura), quase todas com lugar nas prateleiras do Cebola.
O entra-e-sai de curiosos com o que se mostra dentro desta antiga mercearia não o incomoda nos afazeres, antes pelo contrário. “É uma forma de participar no dia a dia do bairro.” As paredes estão preenchidas com pinturas de Graça Paz e de Engrácia Cardoso, serigrafias com os aforismos de Inês Maria Meneses, fotografias de Marcelo Tabach e de Salvador Colaço. Também há cerâmica e plantas de interior do projeto Eu e as flores, de Marco Gonçalves.
A ilustração tem mais expressão, representada por trabalhos de, entre outros, André Ruivo, Joana Estrela, Júlio Dolbeth, Ricardo Ladeira e do próprio Sérgio Condeço. “Se gosto do trabalho, dou-lhe espaço. Tem de ter qualidade estética, e dou importância à forma como está produzido”, explica. As obras têm preços simpáticos para todas as bolsas.

O nome Cebola homenageia um dos apelidos da mãe. “Tenho orgulho na luta das mulheres da minha família, ativistas durante o período fascista”, conta. Uma agenda de workshops para crianças e adultos, com temas que vão da ecoilustração ao autocuidado, e as quartas-feiras de contos, em que Sérgio Condeço veste a pele de contador “e enche o tapete com a canalha”, também fazem parte deste lugar especial.
Loja-atelier Cebola > R. António Ferreira, 5, Lisboa > seg-sex 10h30-13h, 14h-19h, sáb 10h-13h
Em cada rosto
Os posters espalhados por Lisboa com a frase de Zeca Afonso Em cada rosto, e um QR Code, fazem parte de um projeto com o Museu do Aljube para a comemoração dos 50 anos do 25 de Abril. O desafio é terminar a frase, escrevendo, pintando ou desenhando, numa reflexão sobre os valores de Abril. Depois, terá de enviar uma fotografia da intervenção para o email 50cravos@sergiocondeco.pt. Os escolhidos farão parte de uma exposição.