A Covid-19 fez parar o mundo e forçou o redesenhar do quotidiano. Foi nesse intervalo, de confinamento, que Ana Gonçalo regressou às agulhas. Assim surgiu o projeto Natureza ao Peito, um “jardim” feito em croché para usar ao peito, lá está, onde não param de nascer flores. “A ideia era reproduzir a Natureza que estava próxima, mas à qual não conseguia chegar”, conta a designer, que integra o coletivo New Hand Lab, na Covilhã.
Das mãos de Ana nascem margaridas, hortênsias, lírios, rosas, orquídeas, peónias, girassóis, flores selvagens e do campo… Os ramos coloridos, onde ata uma ou mais espécies, continuam a crescer, tal como as encomendas. “Cada pessoa tem uma flor preferida, mas as papoilas e os amores-perfeitos são as mais pedidas”, refere. À primeira fotografia, partilhada nas redes sociais, os ramalhetes, que podem ser usados como pregadeira ou gancho de cabelo, voaram rapidamente. “É um trabalho muito minucioso, cujo maior desafio é manter a proporção e o detalhe”, nota.
Cada conjunto, de três ou cinco exemplares de flores, tem cerca de oito centímetros de altura – o suficiente para o aconchegar, facilmente, na palma da mão. “Mais do que os materiais, são as técnicas antigas, de bordar, tricotar ou feltrar que gosto de explorar”, sublinha Ana, que tem um atelier, o Cinco, onde se dedica ao design gráfico.
Foi depois de terminar o curso na Universidade da Beira Interior, em Design Multimédia, que Ana Gonçalo começou, paralelamente, a “experimentar texturas” e a trabalhar com lã, fios e tecidos. Atualmente, a fazer um doutoramento sobre as memórias do têxtil no feminino, a designer afirma que “há cada vez mais interesse pelas peças únicas e apreço pelo artesanato português”. Por isso, Ana vai continuar a enlaçar a Natureza, numa trama minuciosa feita à mão.
Natureza ao Peito > www.facebook.com/ana.goncalo.14, www.instagram.com/ana.goncalo > €40