Sem passadeira vermelha, desfile de estrelas ou flashes de fotógrafos, este é um festival pouco dado ao glamour. O Curtas, diminutivo por que é conhecido o Festival Internacional de Cinema de Vila do Conde, nem por isso deixa de ser a maior mostra de curtas-metragens do País, e uma das mais importantes da Europa. “Somos o primeiro da era moderna”, diz Dario Oliveira, um dos elementos da organização. Além de criarem a primeira competição dedicada à produção nacional, outros seguiram o exemplo, apresentaram “as curtas com outra dignidade”.
Mais do que um festival de cinema, o Curtas provoca “a confluência das artes visuais”. A prova disso está no programa seleccionado para sábado, dia 9, a noite de abertura. Uma sessão dupla onde será projetado Police, Adjective, última película de Corneliu Porumboiu, o mesmo de 12:08 A Este de Bucareste, e o filme-concerto Estrada de Palha, um western português de Rodrigo Areias, musicado por The Legendary Tigerman e Rita Redshoes.
A produção nacional está representada por cineastas como André Cepeda, Edgar Pera, Marta Castanheira, Pedro Costa e Basil da Cunha, o vencedor da competição nacional em 2010, que estão de novo em foco, naquela que é a 19.ª edição do festival. “É uma feliz coincidência, todos terem filmes muito recentes”, salienta Dario Oliveira.
Durante nove dias, de 9 a 17, pelo Teatro Municipal de Vila do Conde vão passar 270 filmes, em 50 sessões distribuídas por várias competições e secções paralelas, provando que “este é um ano excelente”. “O cinema reflete as convulsões e as crises e, nesta edição, mostra um certo desencanto, em particular nos filmes europeus.”
Na competição internacional cruzam-se Scenes from Suburbs, filme de Spike Jonze com argumento de Win e William Butler dos Arcade Fire, Umshimi Wan do cineasta Harmony Korine, o devaneio dos irmãos Quay em Maska e As Canções de Amor, a nova realização do ator Louis Garrel. Enquanto nas secções paralelas se homenageia figuras como Corneliu Porumboiu, com exibição de todos os filmes realizados, e Pierre Clémenti, um dos atores-ícone do cinema de autor.
Mais do que nunca a música está presente, com competições de vídeos e filmes experimentais. Do cartaz fazem ainda parte secções como Da Curta à Longa, onde se encontram cineastas que já estiveram em Vila do Conde e, agora, regressam com longas, o Take One!, que inclui uma competição de filmes de escola e workshops. Em complemento à exposição Stereo, organizada no âmbito do Estaleiro, o Curtas apresenta um programa de filmes, concertos e performances onde se explora o cruzamento entre o cinema e a música (ver destaque de exposições).
A fechar esta edição, o filme Fight for Your Right Revisited, de Adam Yauch, assinala os 25 anos do lançamento do primeiro álbum dos Beastie Boys num “registo cómico e surreal”.Todas as noites, a partir das 24 horas, os djs fazem a festa em diferentes tons para que as madrugadas terminem em grande forma. Deixe-se encantar pelas imagens em movimento em formato curto…
EM FAMÍLIA
O Curtinhas, dedicado ao público infantil e às famílias, continua a ser uma “aposta” da organização, cujo objetivo “é educar os mais novos para a imagem”. Na sessão de abertura, dia 9, às 15 e 30, será apresentada uma seleção de curtas-metragens da PIXAR e um filme-concerto realizado em parceria com a Academia de Música S. Pio X. Além de películas em competição, a secção abrange ateliês e um espaço onde os pais podem deixar os filhos para ir ao cinema, aberto das 15 e 30 às 23 e 30.
19.ª CURTAS VILA DO CONDE
€45/Free Pass; €3,50/Sessão de cinema