Além das bebidas mais ou menos espirituosas, nos Templários, no Bartô, no Speakeasy e nas Catacumbas servem-se boas doses de música ao vivo e para todos os gostos. A verdade é que uma “actividade” complementa a outra.
Depois de anunciadas as actuações das bandas da noite, o cenário repete-se em todas elas: a agitação começa a fazer-se sentir dentro de todas estas salas. Dependendo do género musical mais lento ou acelerado, os frequentadores iniciam, também eles, as suas actuações: cantam e dançam.
O cartaz da programação destas casas é tão variado quanto as bandas que ocupam os seus palcos ou o público que assiste. Se num dos lados actuam nomes em princípio de carreira ou bandas já batidas nestas andanças, o outro, o lado do público, é preenchido por habitués, e por muita gente “caída de pára-quedas”. A faixa etária é diversificada: jovens e menos jovens enchem os bares, mesmo durante a semana. Mas afinal, o que se ouve aqui?
Templários
A TRADIÇÃO
No bar que João Oliveira abriu em 1991, continua a ouvir-se, todas as noites, música ao vivo. Se escolher as sextas-feiras para passar por lá, não estranhe se vir o proprietário em cima do palco. Afinal, a noite é assegurada pela actuação da sua banda: os CLIC. Nos restantes dias, a animação musical está a cargo dos XL Femme (segunda), Vira Lata (terça), Pop Art (quarta), XPTO (quinta) e HI5 (sábado).
A ideia preconcebida de que seríamos os únicos, num dia de semana, a ocupar as cadeiras, rapidamente se desfez. O bar estava lotado e os “clientes habituais” Ana Alexandre, 27 anos, Pedro Santos, 24, e Isabel Moura, 37, falam de todas as bandas que aqui tocam como se do seu grupo de amigos se tratasse. Nem a distância que os separa da capital vivem em Carcavelos faz desistir estes amigos de aqui vir, mesmo aos dias de semana.
Para nos falar sobre os XPTO, a banda da noite, “roubámos”, por uns minutos, o guitarrista João Mascarenhas, 37 anos, um dos músicos que acompanha Rui Veloso: “Somos uma banda atípica, que se inspira em nomes tão diferentes como os Beatles, Djavan, Lenine, Ornatos Violeta, Dave Mathews, Coldplay e Pink Floyd.
Começámos a tocar juntos há nove anos, para nos divertirmos e não para ganhar dinheiro.” Acrescentou, ainda: “Não somos uma banda de covers, mas sim de versões.” A noite, também ela atípica para a banda que aqui actua todas as quintas, tem duas baixas no elenco: o baterista original teve de se ausentar e o problema de garganta do vocalista Pablo Banazol afastou-o do microfone. Mas não da guitarra.
O seu substituto é o João, da banda Jim Dungo, o responsável pelas gargalhadas, risos e animação na plateia.
A noite terminou já depois das duas da manhã com a canção Come Together, dos The Beatles, um pedido especial do vocalista “mudo” Pablo, que ainda a tentou cantar… Seguiram-se as palmas e, em poucos minutos, a porta de saída.
Morada: R. Flores Lima, 8, Alvalade, T. 21 797 0177. Seg-Qui 22h30-2h, Sex-Sáb até às 3h. Os concertos começam às 00h15. http://templarios.blog.pt
Género: Rock/pop
Programação: segunda: XL Femme; terça: Vira Lata; quarta: Pop Art; quinta: XPTO; sexta: CLIC; sábado: Hi5 Faixa etária: Dos 20-40 anos Lotação: 150 Fumadores: sim Bebidas: whisky €6; gin e vodka €6; caipirinha €7; imperial €3
Bartô
RITMOS AFRICANOS & OUTROS
Vai-se ao Chapitô pelas produções teatrais, pelos cursos de fim do dia para crianças e adultos ou para se beber um café na esplanada. Mas, no interior da casa dirigida por Teresa Ricou, existe um outro espaço que merece ser visitado. Chama-se Bartô e ali todas as noites são diferentes e especiais.
É que neste bar, aberto há quatro anos, os sons e ritmos chegam aos nossos ouvidos através de variados instrumentos, vozes e géneros musicais. Assim, a programação inclui o jazz (quarta), músicas do mundo (quinta), fado (sexta), música de dj (sábado) e as noites africanas (domingo). Foi esta última noite que nos levou a “reservar” mesa.
Até às duas da manhã, a noite foi animada pela actuação dos Ébano, uma banda de música africana de fusão.
Neste espaço lisboeta ouvem-se várias línguas: o crioulo, o espanhol e o italiano misturam-se com o português. A florentina Beatrice Benti, 23 anos, estudante da Universidade Nova de Lisboa (a fazer Erasmus) é uma das clientes que aqui vem habitualmente “pela música e pelo ambiente”.
Quem também conhece bem estas noites é o cabo-verdiano Natalino Almeida, 25 anos, licenciado em Geografia Física, a residir há cinco no nosso país. “Aqui dentro é mix de culturas, pessoas e géneros.” Apesar de gostar de outras musicalidades, é a sonoridade africana que o faz vibrar com mais intensidade. “Está-me no sangue”, diz.
As novidades vão chegar ao Bartô a partir de 30 de Maio, com as actuações de Lucky, dj residente do Bicaense.
Cristina Elias, responsável pela programação do Chapitô (incluindo do Bartô) salienta, ainda, as noites dedicadas ao forró universitário (mistura a salsa, tango e a valsa), nas terceiras quintas do mês, e o fado às sexta, onde, ao lado de um fadista convidado, se encoraja o público a subir ao palco.
Morada: Costa do Castelo, 1/7, T. 21 885 5550. Qua-Dom 22h-2h, os concertos começam a partir das 23h. www.chapito.or
Género: variada
Programação: quarta: jazz; quinta: músicas do mundo; sexta: fado; sábado: música de dj; domingo: noites africanas
Faixa etária: devido aos diferentes géneros musicais, é difícil encontrar o público-alvo
Lotação: 60
Fumadores: não
Bebidas: imperial €2; gin gordon’s €4,50; vodka €4,50
Catacumbas
NOITES DE BLUES E JAZZ
A história do Catacumbas começa em 1963, quando o Manuel Pais, o pai do actual proprietário, decide abrir um bar no Bairro Alto.
Em 1998, Manuel Pais, o filho, decide que também quer ali trabalhar. Dois anos mais tarde, introduz neste espaço a música ao vivo e começa também a cantar. Quem o ouve a cantar e a tocar harmónica nas noites de terça, dedicadas ao blues, não diz que não tem qualquer formação musical.
O “palco” improvisado, situado a um canto de uma das três salas, recebe ao longo da noite vários outros artistas, além da actuação do proprietário.
No Catacumbas, pode ouvir-se boas música ao vivo, à segunda, terça e quinta-feira.
José Manuel Rito, 45 anos, um dos muitos clientes da casa, afiança-nos: “Não conheço outro espaço com estas características.” A terça-feira é uma das melhores noites da casa, acrescenta José Manuel.
Morada: Tv. Água da Flor, 43, T. 21 346 3969. Seg-Sáb 22h-4h. www.catacumbasjazzclub.com
Género: Blues e Jazz
Programação: concertos à segunda, terça e quinta-feira
Faixa etária: Todas as idades
Lotação: 90
Fumadores: área específica
Bebidas: imperial €1,80; whisky novo €4,50; gin €4; vodka €4
Speakeasy
JANTAR EM BOA COMPANHIA
Há quem considere o Speakeasy (que comemorou 13 anos no passado dia 1 de Abril) um espaço elitista e onde se ouve só jazz.
Gil do Carmo, 35 anos, cantor, compositor e proprietário deste restaurante (servem jantares) e bar lisboeta diz, bem-disposto: “Elitista? Nem sequer tenho porteiro na entrada, a escolha é feita naturalmente.” Sobre a música que aqui se pode escutar explica: “Há dez anos dedicávamos cinco noites por semana ao jazz. Actualmente, só de vez em quando.” Facto que o entristece, mas o negócio assim o exige: “Além de ser o prolongamento da minha sala, o Speakeasy é, também, uma casa comercial.
Logo, tenho que misturar outras musicalidades.” Cerca das 24 horas, Gil sobe ao palco para apresentar a banda da noite: Ana & The Goodfellas (composta por Ana Rodrigues, na voz, Tiago Maia, na guitarra, Dikk, no baixo, e Rui Reis, na bateria), uma mistura de soul com r&b. Ao longo de três horas escutaram-se versões de Amy Winehouse, Prince, Tina Turner, Stevie Wonder, The Beatles e Ray Charles.
As outras noites são preenchidas com as bandas Ferro e Fogo, Trio Manaia, Vira Lata, Capitão Magenta, Zé Ricardo Trio e Jazz Me Brown.
E Gil do Carmo assegura-nos que, um destes dias, é ele quem vai subir ao placo. “Vou voltar a cantar aqui, mas só de vez em quando.” Espera–se que o seu regresso a estes, e a outros palcos, esteja para breve.
Morada: Cais das Oficinas, Armazém 115, Rocha de Conde de Óbidos, T. 21 396 4257. www.speakeasy.com. Ter-Qua 20h-23h, Qui 20h-23h30, Sex-Sáb 20h-24h
Género: Do fado ao hard rock
Programação: ver em www.speakeasy.com
Faixa etária: Dos netos aos avós
Fumadores: área específica
Bebidas: imperial €3,50; whisky €6,50 (da casa); gin e vodka €6,50 (da casa); caipirinha €7
OUTRAS MÚSICAS
Almirante Bar R. Comandante Sacadura Cabral, 106B, Ponte de Frielas, Loures, T. 21 989 8001 Espaço Lisboa Jazz Club R. da Cozinha Económica, 16, Lisboa, T. 21 361 0210 Maxime Pç. da Alegria, 58, Lisboa, T. 21 346 7090/91 635 1133.
OndaJazz Arco de Jesus, 7, Lisboa T. 21 8873 064/91 6006 447.
Pó de Palco Av. Biarritz, 10B, Estoril, T. 21 466 2233 Rock in Chiado R. Paiva de Andrade, 7-13, Lisboa T. 21 346 4859 Santiago Alquimista R. de Santiago, 19, Lisboa T. 21 884 503