Um estudo publicado na revista científica PLOS One apresenta uma técnica de edição genética inovadora que permite escolher o sexo do bebé. “Estes resultados encorajadores indicam que o nosso método não só é eficaz, como também seguro, tornando-o um procedimento viável e eticamente aceitável”, congratula a equipa da Faculdade de Medicina da Universidade de Cornell, em Nova Iorque,
Os investigadores utilizaram uma técnica que permitiu separar os espermatozoides entre os que possuíam um cromossoma X e os que tinham um cromossoma Y, uma vez que o esperma com um cromossoma X é ligeiramente mais pesado.
Os autores do estudo defendem o papel desta nova técnica ao afirmar que esta é positiva para os pais que querem evitar doenças genéticas ligadas ao sexo, tais como a hemofilia nos homens ou a Síndrome de Rett nas mulheres.
O Teste Genético Pré-implantação (PGT) utilizado no estudo auxilia na análise de alterações nos genes e cromossomas dos embriões, por forma a detetar doenças hereditárias. O PGT requer sempre um tratamento de Fertilização in Vitro com Microinjeção de espermatozoides (ICSI). Atualmente, os casais que procuram engravidar através de fertilização in vitro são normalmente submetidos a um processo de diagnóstico PGT e ICSI.
O ensaio, que teve uma duração de quase três anos, envolveu 1317 participantes, que foram divividos em dois grupos. Todos os casais foram submetidos à técnica de Fertilização in Vitro com Microinjeção de espermatozoides (ICSI), mas em 105 os investigadores usaram uma técnica de seleção do género.
Destes, 59, que queriam um bebé do sexo feminino, obtiveram 79,1% de sucesso na implantação dos embriões com o sexo desejado e uma taxa de gravidez de 62%, o que resultou em 16 meninas sem quaisquer malformações congénitas. Nos restantes 46, que desejavam descendentes masculinos, a taxa de sucesso na implantação dos embriões do sexo desejado foi 79,6%, com uma taxa de gravidez de 67% e resultando em 13 meninos saudáveis.
Embora estes resultados possam vir a atender ao desejo dos pais, estas técnicas ainda levantam sérias preocupações éticas, e a seleção de embriões com base no sexo, sem razões como a identificação de doenças crónicas, é ilegal na maioria dos países.
Segundo o relatório mais recente do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, nasceram 2797 crianças como resultado do uso das várias técnicas de procriação medicamente assistida, o que representa 3,3% do número total de crianças nascidas no País em 2020. Portugal situa-se no 5.º lugar no ranking europeu de políticas de tratamento de fertilidade, segundo o Atlas Europeu da Fertilidade publicado em 2022.