O resultado de dois estudos sobre as vacinas contra a Covid-19 foram publicados agora pela revista científica Lancet Infectious Diseases, e tiveram conclusões semelhantes: a inoculação fornece uma proteção extra a quem já esteve infetado, prevenindo principalmente a forma grave da doença.
Os resultados das duas investigações, uma realizada no Brasil, a outra por cientistas suecos, vêm reforçar a utilidade das vacinas no que diz respeito às pessoas com infeção prévia pelo coronavírus. No primeiro estudo, que envolveu mais de 22 mil pessoas que foram reinfetadas pelo coronavírus, a equipa analisou a eficácia de quatro vacinas contra a Covid-19, Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech, Janssen e CoronaVac. A partir daí, os investigadores deram conta de que todas elas protegem contra uma reinfeção grave pelo coronavírus, evitando hospitalizações ou até mortes.
“As vacinas contra a Covid-19 provaram ser altamente eficazes na prevenção de infeção sintomática e hospitalização entre aqueles sem infeção prévia”, diz, citado pelo The Guardian, um dos autores do estudo, Julio Croda, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, acrescentando que “a eficácia [da vacina] para os que já foram infetados” tem sido menos clara.
Já a segunda investigação, que teve em conta quase 3 milhões de pessoas, concluiu que a vacinação forneceu proteção extra a quem já tinha sido infetado durante, pelo menos, nove meses. Além disso, de acordo com o estudo, uma dose da vacina inoculada numa pessoa que tinha tido anteriormente infeção reduziu o risco de reinfeção até 58%, dois meses após a inoculação; já após a toma de duas doses da vacina o risco de reinfeção reduziu até 66%.
De acordo com Croda, “compreender a duração e a eficácia da imunidade para os vacinados com um diagnóstico anterior de Covid-19 torna-se cada vez mais importante à medida que a pandemia avança e aumenta”, também devido ao aparecimento de variantes mais transmissíveis.
Ambos os estudos têm limitações, incluindo o facto de nenhum deles ter tido em conta reinfeções devido à variante Ómicron, descoberta no fim do ano passado e que rapidamente se tornou a estirpe dominante por todo o mundo, devido à sua grande capacidade de transmissibilidade. Por isso mesmo, defende o investigador, é importante realizar “mais pesquisas sobre a necessidade de vacinação” para quem teve infeção prévia pelo coronavírus.