Uma nova pesquisa realizada por investigadores japoneses, e publicada na última quarta-feira, concluiu que a subvariante BA.2 da Ómicron, detetada em mais de 70 países, é, comparativamente com a BA.1, mais contagiosa, mesmo com pessoas vacinadas, e pode provocar doença mais grave. O estudo dá conta, ainda assim, de que a dose de reforço reforça a proteção, o que faz com que o agravamento da doença seja cerca de 74% menos provável.
Os investigadores da pesquisa infetaram ratinhos de laboratório com as subvariantes BA.2 e BA.1 e concluíram que os animais infetados com BA.2 ficaram mais doentes e a sua função pulmonar piorou. Além disso, perceberam que esta subvariante consegue ser resistente a tratamentos para a Covid-19 como ao sotrovima (com anticorpos monoclonais), e tem a capacidade de se tornar tão grave como variantes anteriores como a Delta.
Por ser uma sublinhagem muito diferente em relação ao vírus original, mas também relativamente à própria Ómicron, com várias alterações genéticas comparativamente à primeira, investigadores defendem que a BA.2 deve ser vista como uma nova variante. “Parece que podemos estar a olhar para uma nova letra grega”, referiu Deborah Fuller, virologista da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington, nos EUA, que analisou o estudo, citada pela CNN.
De acordo com Kei Sato, autor principal do estudo e investigador na Universidade de Tóquio, as descobertas provam que a BA.2 não deve, de facto, ser considerada um tipo de Ómicron e que que é necessário continuar a analisá-la mais profundamente. “Estabelecer um método para detetar especificamente a BA.2 seria o primeiro passo” em muitos países, explica.
No início do mês, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge tinha anunciado que a linhagem BA.2 da variante Ómicron, detetada pela primeira vez em Portugal a 27 de dezembro, estava a aumentar de frequência aos poucos, mas os últimos dados indiciavam uma circulação comunitária reduzida. Segundo o seu último relatório sobre a diversidade genética do novo coronavírus em no País, esta sublinhagem representava, no dia 14 de fevereiro, “24,3% das amostras positivas”.
O estudo foi publicado como uma pré-impressão no servidor bioRxiv e ainda não foi revisto pelos pares.