Se o assunto não fosse trágico, daríamos por nós a rir dos irrisórios 2500 testes à Covid-19 realizados em março de 2020, mesmo que um mês depois eles já chegassem aos 12 mil. E até os mais de 2 milhões feitos nos meses de novembro e dezembro do ano passado parecem brincadeira de meninos quando olhamos para as quantidades de 2021 (a véspera da véspera de Natal foi o dia com mais testes realizados em todo 2020, com um total de 59.249 mil, 46.348 mil PCR e 12.901 de antigénio).
O máximo de testagem diária foi alcançado na sexta-feira, 17 de dezembro, contabilizando-se mais de 227 mil zaragatoas. E dezembro é o mês com mais testes à Covid-19 desde o início da pandemia. Entre os dias 1 e 17 fizeram-se 2.264.893 testes de diagnóstico, dos quais cerca de 760 mil são PCR e mais de 1,5 milhões são Testes Rápidos de Antigénio de uso profissional (TRAg). Estes dados, que triplicam os de há um ano, não incluem os autotestes, por serem impossíveis de contabilizar.
O máximo anterior de testagem mensal tinha sido atingido em julho, com 2.031.649. Desde o início do mês, Portugal registou números de testagem diária superiores a 100 mil testes. Para este aumento, contribuiu a exigência de prova negativa nos jogos de futebol, por exemplo, assim como em bares e discotecas. E também o facto de os TRAg efetuados nos laboratórios e farmácias aderentes ao regime excecional de comparticipação terem voltado a ser gratuitos a partir de 19 de novembro (passou agora para seis por mês). Desde o início da pandemia foram registados 23 905 081 testes no site da DGS.
Em 2020, antes do Natal, tínhamos uma taxa de positividade [testes positivos entre o total realizado] à volta dos 8 por cento. Essa mesma taxa, entre 1 e 12 de Janeiro, subiu para uma média de 17,4%, segundo dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge. Este ano, estamos ainda ligeiramente abaixo dos 4%, considerado o nível a partir do qual devemos começar a preocupar-nos.
Apesar da diferença abismal do número de testes registados, fora os caseiros, os casos são praticamente os mesmos de há um ano. De 29 de novembro (dia em que foi detetado o primeiro caso da variante Ómicron em Portugal) e esta segunda-feira, dia 20, a média de contágios diários foi de cerca de 3.881, enquanto no mesmo período do ano passado estava nos 3.791.
É nas mortes que a diferença mais se faz notar e o efeito das 15 212 273 vacinas administradas em território nacional (correspondente a cerca de 87% da população). No mesmo intervalo, no ano passado registavam-se uma média de 79 óbitos por dia, enquanto em 2021 esse número é de 17.
Nos internamentos, e continuando a comparar o mesmo período, o efeito protetor das vacinas também é evidente: A 22 de dezembro estavam 909 pessoas internadas enquanto no ano passado eram 3027. Em Unidades de Cuidados Intensivos estão agora 155 pessoas contra 483 em período homólogo.
Mas como a taxa de incidência tem vindo a aumentar desde que a nova variante apareceu (representa já metade das infeções), e apesar de o RT estar a diminuir, estão aí novas medidas de contenção da pandemia.