Inflamações semelhantes a frieiras, inchaço e vermelhidão nas mãos e nos pés foram queixas que surgiram em alguns doentes, uma a quatro semanas após terem tido Covid-19.
Um novo estudo, publicado esta semana no British Journal of Dermathology, sugere que tal reação está diretamente relacionada com dois elementos da resposta imunitária do corpo humano ao vírus.
Após analisarem amostras de sangue e pele de 50 indivíduos que apresentavam frieiras depois de terem tido Covid e 13 indivíduos com lesões semelhantes, existentes já antes da pandemia, os investigadores concluíram que a reação cutânea verificada está relacionada, por um lado, com uma proteína chave na resposta antiviral, a interferon tipo 1, e, por outro, com um tipo de anticorpos citotóxicos (nome dado à toxicidade quando falamos num contexto celular) que, por erro, atacam as próprias células e tecidos além do vírus.
As queixas relativas a este tipo de lesões parecem ser mais predominantes nos jovens. Em maio de 2020, o European Journal of Pediatric Dermatology dava conta de uma “epidemia” de casos entre crianças e adolescentes italianos.
“Observamos uma ‘epidemia’ de lesões vasculíticas agudas e auto regenerativas nas mãos e pés de crianças e adolescentes assintomáticos. Essas lesões constituíram uma novidade que nos levou a estabelecer um vínculo com outra novidade muito mais grave, a Covid-19, que também ocorreu quase simultaneamente ”, pode ler-se.
Se anteriormente os especialistas haviam considerado que as queixas pudessem ser um sintoma inexplicável da Covid-19, o estudo publicado no British Journal of Dermathology vem agora mostrar um novo ângulo, apresentando-as antes como uma consequência do combate à infeção.
Tal como os especialistas italianos tinham observado em 2020, o podólogo inglês Ivan Bristow confirmou, esta semana, ao The Guardian que, na maioria dos casos, o problema acabou por desaparecer sozinho.
Já Veronique Bataille, dermatologista consultora e porta-voz da British Skin Foundation, comentou com o mesmo jornal que “apresentações após a vacinação são muito mais raras.” Segundo a médica, o facto de o dedo do pé de Covid ser menos comum entre pessoas infetadas com a atual variante Delta pode dever-se ao maior número de pessoas que estão vacinadas ou têm alguma proteção contra a Covid graças a infecções anteriores.