O mais recente Relatório de Farmacologia – Monitorização da segurança das vacinas contra a COVID-19 em Portugal, levado a cabo pelo INFARMED, dá conta de que foram notificados quatro casos de miocardite, inflamação do músculo do coração, em jovens com 16 e 17 anos. Estes casos, classificados como definitivo e provável, ocorreram após a toma da vacina Comirnaty, isto é da Pfizer.
Segundo o INFARMED, “os sintomas de miocardite e pericardite podem ser muito variados, mas geralmente incluem dor torácica, febre, sudorese, arrepios, dispneia e palpitações com/ou sintomas de arritmia. Apesar de poderem evoluir para doença grave, estes casos são geralmente de gravidade moderada e respondem bem ao tratamento adequado, que varia consoante a etiologia”.
Até ao final do mês de agosto, foram apenas notificados 20 casos graves de reação adversa em jovens entre os 12 e os 17 anos, sendo que foram ainda reportados 11 casos graves nessa faixa etária, num total de mais de 469 mil vacinas administradas.
De acordo com o relatório de monitorização do INFARMED relativo ao processo vacinal, foi notificado até 31 de agosto “um caso de MIS-C [Síndrome inflamatória multissistémica em crianças], ocorrido numa adolescente de 16 anos, associado à vacina Comirnaty. Não eram conhecidos quaisquer antecedentes pessoais de relevo e foi laboratorialmente confirmada a inexistência de infeção por SARS-CoV-2. A reação adversa implicou internamento hospitalar, mas a doente encontra-se estável e já em recuperação”.
Nos primeiros dias em que foram vacinados os adolescentes, foram relatados alguns casos de desmaios, mas muitos estavam associados a questões de ansiedade e não da vacina em si.
Reações adversas
Quanto às marcas das vacinas, até ao final deste mês de agosto foram administradas 9.726,108 vacinas da Comirnaty (BioNTech/Pfizer), 2.182,920 da Vaxzevria (AstraZeneca), 1.661,857 da Spikevax (Moderna) e 1.093,731 da Janssen.
Com 14 milhões de vacinas administradas em Portugal, o número cumulativo de casos de reações adversas a medicamentos (RAM) é de 14 447, o que representa um caso por cada mil vacinas administradas. De acordo com os dados hoje apresentados, foram notificados 5373 casos graves de RAM.
O relatório de monitorização relativo ao processo vacinal revela uma maior propensão para reações nas mulheres, classificando-a como sendo “a tendência normal de notificação para qualquer outro medicamento”. Foram registados 3 571 casos graves e 6 087 casos não graves de RAM em mulheres, face a 1 466 casos graves e 2 448 não graves em homens.
O número de casos de reações adversas por mil vacinas administradas é de um em todas as marcas, à exceção da Vaxzevria (AstraZeneca), que é de dois. O INFARMED dá ainda conta que do total de reações (14 447, incluindo-se aqui 56 mencionadas como “não indicadas” no documento), 62,8% foram classificadas como não graves e 37,2% como graves. Dos casos graves, 22,6% foram classificados como clinicamente importantes, 9,6% causaram incapacidade, 3,4% levaram à hospitalização e 1% implicou risco de vida. Apenas 82 casos (0,6%) levaram à morte.
“Os casos de morte ocorreram num grupo de indivíduos com uma mediana de idades de 77 anos e não pressupõem necessariamente a existência de uma relação causal entre cada óbito e a vacina administrada, decorrendo também dentro dos padrões normais de morbilidade mortalidade da população portuguesa”, escreve o INFARMED no relatório.
O número de casos de reações adversas à vacina da BioNTech/Pfizer foi de 7581, enquanto foram registadas 4188 reações à vacina da AstraZeneca. Tanto a Moderna como a vacina do braço farmacêutico da multinacional Johnson & Johnson causaram menos de duas mil reações cada, tendo sido contabilizadas 1486 e 1136 casos de RAM, respetivamente.
Outras faixas etária
Dos 18 aos 24 anos foram administradas 5 milhões de vacinas e o INFARMED revela a existência de 238 casos graves de reação e 362 de casos não graves. É na faixa etária entre os 25 e os 49 anos que se verifica o maior número de reações adversas graves (2536) e não graves (4034) num total de mais de cinco milhões de vacinas adminstradas. Segue-se o grupo entre os 50 e os 64 anos: em 3.829,315 vacinas foram registadas 2092 reações graves e 1268 não graves.
Dos 65 aos 79 anos, foram vacinadas mais de três milhões de pessoas e houve a notificação de 750 casos de reação grave e 1175 não grave. Acima dos 80 anos já foram vacinadas 1.344,442 pessoas. Destas, 330 tiveram reações graves e 272 apresentaram reações não graves.
Sintomas mais comuns
A cefaleia foi o sintoma mais relatado após a toma de vacinas contra a COVID-19, com 3 534 casos notificados. Segue-se a febre (3 532), a dor muscular (3 481) e a dor no local na injeção (2 999). O INFARMED revela ainda a existência de sintomas como fadiga, calafrios, náusea, dor articular, dor generalizada, tonturas, mal-estar geral, aumento de volume dos gânglios linfáticos, dor nas extremidades corporais, fraqueza orgânica e vómitos.
“As RAM notificadas com maior frequência enquadram-se no perfil reatogénico comum de qualquer vacina”, esclarece o INFARMED.