O Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC na sigla inglesa) dos EUA anunciou, em meados de maio, que as pessoas com a vacinação completa podiam deixar de usar máscara e de praticar o distanciamento social.
Na altura, Rochelle Walensky, diretora do CDC, socorreu-se de duas investigações que mostravam que poucos vacinados ficam infetados e que a transmissão parecia ainda mais rara e que as vacinas em uso mostravam ser eficazes contra todas as variantes conhecidas do coronavírus.
Ainda na semana passada, um porta-voz do CDC garantia que a agência não tinha qualquer plano para alterar as diretrizes, a não ser que a Ciência demonstrasse essa necessidade.
Com a variante Delta em jogo e a fazer aumentar os casos de infeção em pessoas com as doses necessárias da vacina, as autoridades de saúde norte-americanas reuniram-se no domingo à noite, precisamente com os estudos científicos mais recentes sobre a mesa, e terá sido desse encontro que saiu a decisão, anunciada esta terça-feira, de reverter a dispensa da máscara.
As novas diretrizes recomendam agora que mesmo quem tem a vacinação completa use máscaras em espaços interiores, “nas áreas com alta transmissão”, o que inclui grande parte dos Estados Unidos e todos os professores, alunos e funcionários das escolas.
“A informação sobre a variante Delta proveniente de vários estados e de outros países indica que, embora raramente, algumas pessoas vacinadas e infetadas com a variante Delta podem ser contagiosas e transmitir o vírus”, explicou Walensky em conferência de imprensa. “Esta nova ciência é preocupante e, infelizmente, exige que atualizemos as nossas recomendações”, justificou.
A responsável adiantou ainda que os investigadores do CDC descobriram que a carga viral encontrada nos vacinados, quando a infeção é provocada pela Delta, é semelhante à dos não vacinados e é isto que os leva a crer que podem transmitir o vírus, mesmo que os próprios tenham menos probabilidade de ficarem doentes.
“A maioria da transmissão, a grande maioria da doença grave, hospitalização e morte acontece quase exclusivamente entre não vacinados”, sublinhou, no entanto.
O CDC estima que as pessoas não imunizadas representam cerca de 97% dos casos de hospitalização com Covid-19 nos EUA.