Publicado no Journal of Studies on Alcohol and Drugs, o estudo agora divulgado conclui que apesar das medidas de segurança impostas e dos esforços dos proprietários dos bares para garantir o seu cumprimento, clientes e mesmo funcionários não conseguiram seguir as regras mais básicas para impedir a transmissão da Covid-19. E quando os frequentadores ficavam alcoolizados… pior ainda.
Os bares na Escócia reabriram em julho do ano passado, depois do primeiro confinamento, com diretrizes que incluíam a distância entre grupo de clientes de, pelo menos, um metro, a obrigatoriedade de permanecerem sentados e do uso de máscara por parte dos funcionários.
Uma equipa de investigadores da Universidade escocesa de Stirling, liderada pela professora Niamh Fitzgerald, aproveitou, então, a ocasião, para observar como funcionavam, na prática, estas medidas de segurança. Para isso, visitaram um total de 29 bares e as conclusões foram agora publicadas: os funcionários não usavam sempre máscara, com alguns a baixarem a proteção para falar com os clientes; apesar de a maioria dos bares ter conseguido reestruturar-se para deixar os clientes à distância estabelecida, em alguns dos locais foram observados problemas de sobrelotação; a maioria dos estabelecimentos visitados apresentava locais de passagem muito estreitos, como nas entradas, nos corredores, ou nos acesso à casa de banho, impossibilitando o distanciamento por parte dos clientes; num dos bares, Fitzgerald e a sua equipa encontraram fita a marcar a distância devida do balcão, mas verificaram que o aviso foi completamente ignorado pelos clientes.
Os finais de tarde foram avaliados como as alturas do dia mais perigosas. Com o consumo de álcool, diminuía o cumprimento das regras de segurança e os investigadores viram clientes a saltar de mesa em mesa, a tocar uns nos outros, a cantar e a gritar. Mulheres a entrarem no mesmo cubículo da casa de banho e a lavar as mãos por dois segundos, fotografias com empregados com direito a beijinho na cara como agradecimento…
E os funcionários? Em quase todas as situações não foram capazes de travar os comportamentos de risco. “Descobrimos que, na maioria dos casos, bem tentaram”, lamenta Fitzgerald. “Numa indústria onde o cliente tem sempre razão, pode ser difícil para o pessoal fazer cumprir a lei no que toca às precauções com o coronavírus.” Nas conversas que tiveram com os proprietários dos bares, os investigadores perceberam que a maioria se considera habituada a lidar com cliente embriagados e a intervir quando estes se tornam desordeiros. Neste caso, no entanto, a “desordem” tinha o aspeto de pessoas a serem amigáveis e a divertirem-se, o que terá levado a que não sentissem necessidade de intervir.
Depois de um grande surto, em agosto, ligado a 20 bares e restaurantes na cidade escocesa de Aberdeen, a Escócia apertou as diretrizes, que incluíam o fim da música nestes locais para os clientes não terem de gritar (o que se sabe que aumenta a quantidade de partículas potencialmente infetadas expelidas) ou falar muito próximos uns dos outros.