Com temperaturas baixas há vasoconstrição, que tem como objetivo a manutenção do calor no organismo e a adequada irrigação de órgãos nobres. Deste modo, a dor pode surgir em articulações periféricas. Igualmente, a contração de músculos que se verifica com o tempo frio e pela própria vasoconstrição também provocam dor e rigidez ao iniciar o movimento, que são sentidas de modo desconfortável pelos pacientes.
Mais recentemente, percebeu-se que, na cartilagem que reveste a superfície das articulações, existem barorecetores, isto é, recetores que detetam variações da pressão atmosférica. Com o tempo frio pode haver descida da pressão atmosférica que é detectada por estes barorecetores, provocando dor em articulações afetadas por um processo de artrose.Assim, não é verdade que seja um mito o facto de as mudanças de temperatura poderem estar relacionadas com a dor em pacientes com osteoartrose, embora estas não tenham influência na gravidade ou no agravamento desta doença.
Outro mito frequente é o de que não “há nada a fazer” no tratamento da osteoartrose. Os doentes com osteoartrose devem ser educados para a importância da atividade física e para a perda ponderal. O exercício deve ser feito de modo regular em pequenas quantidades, com intensidade crescente. Tem como objetivo o fortalecimento muscular com a realização de exercícios aeróbicos e alongamento muscular.
O tratamento da osteoartrose com medicamentos tem como principais objetivos o alívio da dor e a melhoria da função das articulações afetadas. Recomendações da EULAR, European League Against Rheumatism, indicam que a dor deve ser tratada com analgésicos ou, na falta de eficácia destes, com anti-inflamatórios ou opioides, associados ou não ao paracetamol. Os anti-inflamatórios locais, em pomada, creme, gel ou sistema transdérmico são eficazes em alguns pacientes.
As intervenções cirúrgicas são o último e definitivo tratamento da osteoartrose. Estão reservadas para as situações de dor refratária ao tratamento médico ou em casos de incapacidade severa (por exemplo incapacidade para a marcha). Existem as osteotomias para reparação de articulações com deformação e a colocação de próteses, que restabelecem a mobilidade da articulação e eliminam a dor. A osteoartrose é a doença mais prevalente da raça humana. A principal causa de reforma por invalidez e de absentismo laboral.
Dados do EpiReumaPt, um estudo epidemiológico nacional, apontam para uma prevalência de: artrose do joelho em 12,4% da população; artrose da mão em 8,7% e artrose da anca em 2,9 por cento. Estima-se que metade das pessoas entre os 50 e os 64 anos não trabalham, 30% das quais têm osteoartrose do joelho.
Na origem da osteoartrose estão fatores como: a idade, sendo mais frequente em idades mais avançadas; o género, sendo mais frequente no feminino; fatores genéticos, nomeadamente na osteoartrose das mãos; alterações da anatomia da articulação, por exemplo a artrose é mais frequente numa articulação fragilizada por uma fratura ou uma infeção prévia; estilos de vida que promovam a obesidade, como os excessos alimentares e o sedentarismo, o tabagismo e algumas profissões que impliquem movimentos traumáticos ou repetitivos das articulações.
Afeta predominantemente articulações móveis (como as pequenas articulações das mãos ou dos pés) ou articulações de carga (como os joelhos, ancas e coluna vertebral). Os principais sintomas desta doença são dor articular, rigidez e limitação nos movimentos das articulações afetadas. A dor na osteoartrose agrava com o movimento das articulações, é pior ao final do dia e melhora com o repouso. Pela manhã, nos primeiros movimentos, surge alguma rigidez articular, inferior a 30 minutos de duração.
A medicação com analgésicos ou anti-inflamatórios alivia a dor. Nas fases mais avançadas da doença, a dor torna-se mais constante, pode mesmo perturbar o sono. A medicação deixa de ser tão eficaz no alívio da dor e surgem deformações. Nesta altura, há um franco impacto na qualidade de vida dos pacientes, que se sentem limitados nas suas atividades diárias, de relação e profissionais. Simples tarefas como pentear ou barbear, descascar frutas ou legumes, abrir um frasco, caminhar ou subir escadas tornam-se penosas ou mesmo impossíveis. Poderá ser necessário recorrer à ajuda de auxiliares de marcha, como canadianas ou andarilhos.
O diagnóstico desta doença é clínico, não havendo necessidade de recorrer a radiografias. Estas podem ser realizadas quando surge uma dúvida, quando os sintomas não são típicos ou em fases mais avançadas, quando se pondera um tratamento interventivo (como uma viscossuplementação ou uma cirurgia).