Até à próxima primavera, a Rússia pretende produzir doses liofilizadas da vacina Sputnik V, “transformando a vacina líquida numa massa branca e seca”, avança a agência Reuters. O objetivo principal é o de facilitar o transporte sem recorrer a temperaturas demasiado baixas. Os resultados provisórios mostram que a versão líquida tem uma eficácia de 92%, embora a fase de testagem em humanos ainda não tenha terminado.
“Esperamos que, a começar aproximadamente em fevereiro, mudemos principalmente para a forma liofilizada. Uma grande proporção das doses, senão a maioria, será especificamente nesta forma”, diz à mesma agência Kirill Dmitriev, chefe do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), órgão que está a comercializar a vacina. Garantiu ainda que quer a versão líquida, quer a versão seca têm o mesmo grau de eficácia: “Realizamos testes que confirmam que a resposta imune à forma liofilizada é a mesma que a da forma padrão da vacina”.
Numa altura em que a corrida pela melhor vacina aumenta, um dos maiores obstáculos na comercialização é o transporte. A vacina Pfizer, por exemplo, exige ser armazenada a pelo menos 70 graus negativos, “representando um desafio até mesmo para os hospitais mais sofisticados dos Estados Unidos” e que “a coloca fora do alcance de muitos países pobres”, afirma a mesma agência. Apesar de menos exigente, a Sputnik V tem de ser transportada a menos de 18 graus negativos, mas a forma liofilizada vem facilitar este processo, já que “pode ser armazenada em temperaturas normais de frigorífico”: de dois a oito graus centígrados.
Sobre o custo do processo, Alexander Gintsburg, o principal cientista do Instituto Gamaleya – empresa que desenvolveu a vacina – disse que a versão liofilizada ficaria mais cara e que levaria mais tempo para produzir. No entanto, Dmitriev explicou, entretanto, à Reuters “que o processo não foi significativamente mais caro e que a principal limitação é o tempo necessário para adquirir equipamentos adicionais”.
Também esta segunda-feira se soube que a eficácia da vacina Moderna ronda os 95 por cento. As primeiras 20 milhões de doses serão distribuídas nos EUA. Já na União Europeia, Ursula von der Leyen está a negociar “um contrato de até 300 milhões de doses da vacina desenvolvida pela empresa alemã BioNTech e Pfizer”, avançou a Comissão Europeia na semana passada.