Num estudo realizado o ano passado, Marco Schlosser, pesquisador assistente da Unidade de Psiquiatria da University College of London, questionou 1232 pessoas que tinham meditado pelo menos uma vez por semana nos últimos dois meses. 25% dos participantes disseram ter sentido experiências negativas como ansiedade ou medo, emoções que atribuíram à sua prática de meditação.
Miguel Farias, professor associado da Coventry University, e a sua equipa quiseram ir mais longe e compreender os padrões e os efeitos negativos testemunhados ao longo de anos por vários praticantes de meditação.
Para isso realizaram uma análise de dados de 55 estudos de revistas científicas com o propósito de compreenderem o número de indivíduos que havia experienciado fins inversos aos procurados ao realizar meditação.
Os resultados permitiram verificar que 8% dos indivíduos sentiram efeitos não desejados. “As pessoas experienciaram tudo desde um aumento da ansiedade até ataques de pânico”, revela Farias. Depararam-se também com relatos de psicose e pensamentos suicidas.
Estes 8 pontos percentuais podem ser um número inferior ao real, sendo que muitos estudos relativos à meditação só contemplam efeitos negativos significativos ou nem sequer os abordam, explica o professor. “Para a maioria das pessoas funciona, mas sem dúvida que [os benefícios da meditação] foram exagerados e não é universalmente benéfico”.
Existem vários tipos de meditação sendo um dos mais populares o “mindfulness” em que os praticantes se focam totalmente no momento presente e nos seus pensamentos e emoções ou sensações externas.
Katie Sparks, psicóloga credenciada e membro da British Psychological Society, explica que, por vezes, quando procuramos um momento de relaxamento e tentamos desanuviar o stress, que a nossa mente pode revoltar-se. “É como uma oposição à tentativa de controlar a nossa mente e isto resulta em episódios de ansiedade ou depressão.”
Isto não significa que as pessoas devam parar de experimentar esta técnica, diz, mas devem optar por sessões de meditação acompanhadas por um professor ou por uma aplicação com uma narração gravada. Acredita serem opções mais seguras que levam a uma prática que se pode revelar benéfica, quando praticada num contexto adequado.