Os humanos sempre apanharam doenças dos animais. É o caso da gripe das aves, da gripe suína, do VIH, e agora do coronavírus. Num artigo publicado no site da BBC, Tim Benton, Diretor do Programa de Riscos Emergentes da organização não governamental Chatham House, prevê que estes fenómenos venham a ser cada vez mais frequentes nao próximos tempos.
Uma das razões apontadas pelos especialistas são as alterações climáticas que provocam mudanças no habitat natural dos animais, no tipo de regime alimentar e até na relação entre homem e animal.
Na década de 80 do século passado o VIH saltou dos primatas para o homem, na década de noventa assistiu-se à chegada das estirpes de gripe das aves altamente patogénicas, em particular o vírus H5N1, a pandemia, em 2009/10, teve origem nos suínos. Dos morcegos vieram o vírus da SARS e o terrífico vírus Ébola.
Este ‘salto’, dos animais para o homem, acontece quando os vírus sofrem uma alteração que lhes permite adaptar-se à vida no corpo humano. “A maior parte das novas infeções que nos afetam vêm dos animais”, nota Tim Benton.
O facto de se tratar de novos agentes infecciosos, portanto totalmente desconhecidos do nosso sistema de defesa, torna-os potencialmente mais patogénicos já que não há qualquer memória de contactos anteriores e portanto a população acaba por estar totalmente susceptível.
A maior parte dos animais carregam uma série de microorganismos – bactérias e vírus – que podem causar doença. A sobrevivência destes organismos depende da sua capacidade de infetar novos hospedeiros pelo que saltar para outras espécies é uma forma de o conseguir”
Tim Benton
“A maior parte dos animais carregam uma série de microorganismos – bactérias e vírus – que podem causar doença. A sobrevivência destes organismos depende da sua capacidade de infetar novos hospedeiros pelo que saltar para outras espécies é uma forma de o conseguir”, explica Tim Benton.
A forma como os humanos vivem também favorece este contacto já que nos grandes aglomerados populacionais coexistem pessoas e espécies como os guaxinis, ratos, esquilos, morcegos, esquilos, pássaros, que acabam por se aproveitar dos alimentos abandonados pelas pessoas. Esta nova proximidade entre animais e humanos tende a aumentar, em virtude das mudanças nos ecossistemas, com o consequente risco de contágio.