A incidência de coronavírus deverá continuar a afetar gravemente o sul da Europa – incluindo Portugal – durante os meses de março e abril, reduzindo-se progressivamente sobretudo a partir de finais de maio e até outubro. Essa é uma das conclusões de um modelo desenvolvido por Miguel Bastos Araújo, biogeógrafo especialista em alterações climáticas (vencedor do Prémio Pessoa 2018), e de Babak Naimi, da Universidade de Helsínquia.
O trabalho dos dois investigadores aguarda publicação numa revista científica, mas o português divulgou já algumas conclusões no seu site, incluindo um gif que mostra a propagação do vírus de acordo com o clima. “Estes resultados têm tremendas implicações para a gestão do risco pelos setores público e privado”, escreve Miguel Bastos Araújo.
Estas são as principais conclusões do estudo:
. A pandemia não afetará todas a regiões do mundo com a mesma intensidade ao mesmo tempo
. Conhecer os efeitos do clima na incidência do vírus pode ajudar as instituições a prepararem-se com antecedência para minimizar os riscos de saúde e económicos
. Só a partir do final de maio o clima ajudará a conter a incidência do vírus no sul da Europa
. O Canadá, a Rússia e a Escandinávia terão risco acrescido de propagação do vírus do fim da primavera até ao fim do verão
. As regiões áridas têm um risco apenas moderado, comparado com as zonas temperadas, pelo que aí será mais fácil implementar medidas de contenção
. Os trópicos são regiões climaticamente pouco favoráveis ao vírus, o que deverá ajudar a limitar a epidemia